“A psicanálise é, para
mim, a ciência da libertação humana.
Quem
fala em liberdade humana fala sempre em comunicação e encontro.
A psicanálise
é, portanto, a ciência da comunicação e do encontro.
O trabalho
psicanalítico visa a construção de um encontro entre duas liberdades. Isto
significa que a psicanálise visa o encontro entre duas pessoas, já que o centro
da pessoa é a liberdade.
Não há liberdade sem abertura ao Outro, sem consentimento na existência do Outro como tal e enquanto tal.
Os distúrbios emocionais podem ser conceituados como limitações estruturais dessa abertura, implicando uma perda em disponibilidade com respeito ao Outro.
Se minhas ansiedades básicas exigem de mim que faça do Outro um instrumento do meu esquema de segurança, já não posso aceitar o Outro em sua essência de ser-outro.
Vou inventá-lo à imagem e semelhança de meus temores, torno-me o eixo da referência ao qual o Outro deve referir-se e submeter-se.
A psicanálise, sendo um longo convívio humano antiautoritário, é um chamamento à liberdade e à originalidade do paciente e do analista, para que ambos assumam a alegria da comunicação autêntica”.
O Outro é o que
importa, antes e acima de tudo.
Por mediação dele, na medida em que recebo sua
graça, conquisto para mim a graça de existir.
É esta a fonte da
verdadeira generosidade e do autêntico entusiasmo: Deus comigo.
O amor ao Outro me
leva à intuição do todo e me compele à luta pela justiça e pela transformação
do mundo.
*Hélio Pellegrino era Psicanalista ( in memorian)
Nasceu em Belo Horizonte, em 1924 e morreu no R.J
em 1988. Foi Psicanalista , Escritor e Poeta
brasileiro, célebre por sua militância de esquerda e por sua amizade com
os Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Rezende.