quarta-feira, 26 de março de 2008

RELACIONAMENTOS & CONFLITOS

RELACIONAMENTOS & CONFLITOS

É muito comum que a base dos relacionamentos de casais estabeleça-se sobre uma distorção da realidade, sem que disso se tenha consciência. A demanda que fica é: “Não me sinto inteira (o), sou incompleta (o) enquanto pessoa”, e daí vem uma extrema necessidade de se encontrar a outra metade.
Metaforicamente, sendo metade de algo que nem sei direito o quê ou quem, o senso de identidade e auto-estima fica prejudicado. Disto resulta colocar nessa metade faltante, expectativas e exigências para dela obter a comprovação de que existo e mereço amor, segurança, felicidade, etc.

Este é o cenário no qual verdadeiros dramas acontecem, no palco chamado vida, onde todos atuam seus personagens, uma grande ficção com direção própria, produzida e enviada diretamente do inconsciente.
Às vezes rindo, outras chorando, sendo protagonista ou telespectador da história de Cinderela, adaptada ao século XXI, a situação se repete: “Se me amasse de verdade, faria tudo por mim!”. E assim, as condições são impostas e nem sempre verbalizadas. O outro até deve adivinhá-las, igual mamãe que já sabia e gratificava ou não, todos os meus desejos. Abraços, beijos, elogios, acompanhar-me nos meus interesses, afirmar e reafirmar seu amor o tempo todo.

Supondo que haja amor, sufoca com tamanhas exigências. Passa a ser tremendo encargo sobre os ombros do outro, que também tem suas próprias questões. Também o inverso costuma ocorrer: “Eu o amo, vivo para satisfazê-lo, sem ele não sobrevivo, falta o ar e o chão sobre o qual me apoio, não posso perdê-lo, portanto me anulo pois sou apenas extensão do outro”.

As configurações e interações que a dimensão emocional humana compõem, fornecem o material para infinitas criações imaginárias e, quase sempre, são atuadas em fatos reais. Todos nós reconhecemos esses conflitos. Em proporção variável, somos agentes de prazer e felicidade do outro, ou este outro acaba sendo o nosso objeto de prazer e felicidade. Revendo nossas histórias, compreendemos os porquês.

Compartilhamos a experiência de desamparo e, nesse enredo, existe a dependência de um outro que nos garanta a sobrevivência. Sendo esse outro o representante da falta que é deslocada e reeditada nas vivências emocionais atuais com nosso parceiro, a ele delegamos o papel que foi um dia o da mãe. Pobre dele e pobre de nós! Crianças brincando de serem adultas, vivendo em um mundo de “faz de conta”.

Maria Dilma Campo Burkle
Psicanalista

domingo, 23 de março de 2008

Neuropsicologia

“Artigo de Neuropsicologia”

Tal como o cancro, depressão, ataques cardíacos… a fibromialgia surge novamente como consequência da nossa “vida sem vida”, mas vamos por partes. Primeiro o que é o stress. Stress é uma reacção individual, por isso, pessoal, em resposta a um complexo conjunto de obstáculos que confrontamo-nos diariamente.

A causa principal é quando sentimo-nos incapazes de controlar determinada situação familiar, afectiva, profissional, social, etc. que posteriormente desencadeia uma sensação de mal-estar.

Quando isto acontece por um período prolongado, acabamos por “crear” um stress crónico que, com o tempo, vai adensando e adensando (cristalizando) e esta energia estagnada, que nunca teve possibilidade de libertar-se, acaba por formar os chamados bloqueios energéticos que são a principal causa de manifestação de inúmeras doenças, seja ao nível físico, emocional ou mental, que todos nós conhecemos.

Voltando à fibromialgia, tem despertado crescente interesse nos profissionais da saúde em suas diferentes especialidades, o que é óptimo, porque as manifestações observadas estão também presentes em inúmeras doenças.

Uma das consequências encontradas é o nível de seretonina, um neurotransmissor, também conhecida como a substância "mágica" e "sedativa" que melhora o humor de um modo geral. Tal como na depressão também na fibromialgia há um decréscimo na produção desta substancia.

A serotonina que é o neurotransmissor capaz de reduzir a sensação de dor, diminuir o apetite, relaxar e até induzir e melhorar o sono. Na busca do prazer, a serotonina tem um papel muito interessante no nosso organismo.

Ela é o combustível do prazer no corpo humano.

Esta substância existe naturalmente no cérebro e, como tal, serve para conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra, possuímos todas estas ferramentas capazes de ensinar o cérebro a produzir a serotonina de forma natural e “automática”.

Porque não a produzimos?

Pois é… deveríamos ir à causa em vez de “encharcarmo-nos” de comprimidos e porcarias com efeitos colaterais tremendos, porque estamos todos, mas todos!

Não é uma meia dúzia, nem os mais ricos, nem os mais inteligentes, os brancos ou pretos, todos!

Totalmente equipados nesse sentido, o problema é realmente outro e esse não queremos ver nem admitir, todos!

O problema vai sempre dar ao mesmo… andamos há tantos séculos a colocar todas as nossas potencialidades fora de nós, o que somos e quem somos que a nosso desnorteamento está a ser catastrófico e isso está cada vez mais a “saltar a olhos vistos”.

Actualmente, estudos referem que podemos, através duma nutrição “inteligente”, dar uma “mãozinha” nessa bioquímica. Alguns alimentos fornecem nutrientes e substâncias que participam da produção dos neurotransmissores, mensageiros químicos que favorecem a comunicação entre as células do Sistema Nervoso, por ex a vitamina B6, contudo, e aqui é que é , que acredito está o pilar, é que mesmo com uma alimentação equilibrada, se não tivermos paz, alegria e esperança, a produção de serotonina será grandemente prejudicada.

Tal como, a incerteza, desesperança e o temor fazem baixar o nível de serotonina. O pensamento positivo, o optimismo, a alegria, resultantes do Amor e Fé em Deus ou ao Cosmos (o que quiserem), mesmo em circunstâncias adversas, produzem esperança e a esperança produz serotonina.

As chaves são:

A ALEGRIA, A PAZ E O AMOR, são estas as PROPRIEDADES CURATIVAS. Quem as pode fornecer? Pois… as farmacêuticas não! Somos nós! Desenvolvem-se no nosso interior.

Agora se perguntarmos: como vamos chegar aí num Mundo materialista como este? Pois…temos de, cada um de nós, fazer a sua parte, Respeitar-se e Respeitar o outro, humano como eu, começar a ter consciência desta vida inóspita e vazia que à superfície parece “encher” mas que está a matar-nos dia após dia.

E se repararem não é um matar honesto, declarado, leal mas sub réptilineo, perverso, inteligentemente engendrado, porque quando nos damos conta já estamos mal, perdidos, doentes, “despenados”. Vivemos numa “sistema” doente, adoecemos e ainda não percebemos porquê.

Cada um terá que descobrir…porque a saída, se assim continuarmos, não terá o melhor final, desta vez, a princesa certamente não acabará com o seu príncipe!

Mas antes de avançar mais na fibromialgia encontrei algumas dicas que considero “chaves” de reflexão e ponderação:

Se não quiser adoecer - "Fale dos seus sentimentos"
Emoções e sentimentos que estão escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna.

Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até num cancro.

Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados.

O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia. Se não quiser adoecer

- "Tome decisões" A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia.

A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões.

A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "Procure soluções" Pessoas negativas não vêem soluções e aumentam os problemas.

Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão.

Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos.

O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro.

Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz.

Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer

- "Aceite-se" A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos.

Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores.

Aceitar-se, aceitar ser aceite, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer - "Confie" Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria ligações profundas, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento.

A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste"

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa.

A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor salva-nos das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

CURA E DOENÇAS

Fibromialgia (I)

E hoje vamos falar da fibromialgia, pode ser definida como uma síndrome dolorosa crónica, onde a dor é o sintoma mais importante.

O indivíduo apresenta múltiplos pontos dolorosos que são extremamente sensíveis ao toque, chamados “tender points”.

Do pouco estudo ainda realizado (uma nova “doença”) referem que a fibromialgia inicia-se após uma infecção (causada por vírus ou bactéria), um acidente, problemas emocionais que envolvam perdas ou conflitos, provavelmente devido a uma falha de adaptação ou incapacidade de elaborar respostas adequadas aos estímulos internos e/ou externos (o chamado stress).

Acredita-se também, que possa estar relacionada a traços de personalidade, como por ex. o perfeccionismo ou a uma rigidez na manifestação do comportamento.

A fibromialgia pode também ser o reflexo de uma dor interna, psíquica ou emocional, mas que manifesta-se numa dor corporal e esta só é mantida enquanto existir uma necessidade interna que não foi resolvida.

A pessoa suporta a dor, mas o que está na base é um conflito psíquico insuportável Como é um conflito psíquico insuportável, acontece que a pessoa não quer entrar em contacto com a causa do problema, tem dificuldades ou não quer ver o seu sofrimento, convertendo assim, a dor emocional num sofrimento físico.

A dor entra para a chamada “zona de conforto” e mesmo num estado “difícil de aguentar”, existe sempre um benefício secundário que mantém a pessoa no estado de dor.

Sabe-se que distúrbios mentais e/ou emocionais estão presentes nos portadores de fibromialgia, incluindo alterações do humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, perda de memória, depressão e ansiedade.

Estes sintomas podem apresentar-se isoladamente ou em conjunto, por isso aliadas à dificuldade da confirmação diagnóstica, muitos pessoas, inicialmente, são tratados como depressivos.

Assim, creio que, para qualquer intervenção, seja na fibromialgia ou outra “doença”, os objectivos devem sempre partir do princípio da compreensão do porquê do sofrimento.

Para ajudar ao estado de equilíbrio, seja nesta ou noutra “doença”, precisamos sair das nossas “zonas de conforto” e necessariamente temos de nos voltar para o Ser em vez do Ter e digo isto porquê?

Porque estamos chegando à conclusão, depois de sentirmos em nós tanto sofrimento e presenciarmos actualmente a um número crescente de falecimentos de conhecidos e desconhecidos, a tanta tristeza e angustia manifestada em milhares de depressões de amigos, familiares, estranhos, etc. de que, realmente, algo não está a “bater certo”!

Temos cada vez mais “coisas” como nunca tivemos antes, p. ex. imensos centros comerciais com milhares de “coisas” para satisfazer-nos, a industria farmacêutica dia a dia lançando produtos novos de “cura” e nada parece resultar, pelo contrario, estamos cada vez mais doentes e cada vez mais “crónicos”… então as técnicas que agora surgem, neste caso da fibromialgia (mas é indicado para muitas outras) que tem tido imenso sucesso para libertar-nos do padrão crónico desta “doença” é colocar uma das capacidades inatas que temos, como tantas outras que não colocamos em pratica, a Espontaneidade. Sermos Espontâneos, imaginem!

Que é agir de forma adequada e inovadora frente às “novas” e as “velhas” situações, rompendo com os modelos aprendidos e libertando das “conservas culturais” (aquilo que ficou cristalizado porque foi tido como certo e deve ser assim reproduzido).

A ruptura de padrões gera a evolução e o ponto que desencadeia a mudança é a espontaneidade. Tão simples e sem medicação! Mas para isto temos de sair “da zona de conforto” e Ser. È difícil?!

Creio que depois de séculos de treino no Ter, vivendo de aparências, na base do poder pelo Ter e não pelo Ser (etc.)… teremos necessariamente que trabalhar nesse sentido mas, o que realmente parece surgir como uma Verdade, nesta fase da

Humanidade, esta urgência surge já como uma condição, já não creio mesmo como uma escolha, para os que querem mesmo viver. Hoje existem imensas técnicas e ajuda de inúmeras ciências, até milenares. (cont. prox. art.)

Dra. Mônica Camacho – Neuropsicologia


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