terça-feira, 21 de maio de 2013

"A Lanterna, a luz e a Psicanálise"


A lanterna, a luz e a psicanálise.

A criança estava em sua cama, tentando dormir sem conseguir, pois pirava em sua imaginação pelo que podia estar embaixo de sua cama. Então, resolveu enfrentar seu medo: pegou uma lanterna, desceu da cama e jogou um feixe de luz por debaixo de sua cama e descobriu que não havia nada que justificasse seu infundado medo.
Depois foi dormir tranquila.
A psicanálise é como aquela lanterna, e não mais do que isso.
O método apenas proporciona luz para que a pessoa descubra o que há no recôndito de sua mente, tal qual aquela criança fez.
Tenho presenciado profissionais de algumas áreas, em especial , da psicologia comportamental criticar a psicanálise como conhecimento inútil ou técnica banal e improdutiva, como se a aplicabilidade dos saberes psicanalíticos fosse por si só responsáveis pela sua eficácia.
A idéia que me vem à mente é mesmo a de uma lanterna que está disponível a quem queira de forma competente alocar luz em um ponto obscuro de um determinado lugar desconhecido.
Nesse caso, não se pode culpar a luz da lanterna pelos objetos encontrados ou não no ponto escuro que se direciona o foco da lanterna.
A psicanálise não pretende e nunca teve a pretensão de ser plenamente eficaz a quem quer que dela se utilize. No máximo, a psicanálise é aquela lanterna que somente os sujeitos corajosos a utilizam para poder iluminar e desvelar as razões de um comportamento desproporcional, infundado e aparentemente sem explicação, tal qual o medo daquela criança.
Assim como a criança tem medo do que imaginariamente pode encontrar no escuro embaixo de sua cama, da mesma forma, adultos temerosos ao conteúdo recalcado ao longo de sua infância e juventude preferem criticar e desqualificar a lanterna ao invés de tentar descobrir o que, eventualmente, pode ser revelado pela luz.
A própria resistência e mecanismo de defesa em utilizar a lanterna é forte indício do medo pelo desconhecido.
Saber o que provável e realmente tem no escuro é muito melhor do que continuar com a angústia da fantasia daquilo que imaginariamente poderia ou não haver lá.
O Dr. Menetrier, professor-chefe e supervisor do grupo que fazia residência médica no hospital Salpetriè, em Viena, foi ferrenho crítico das idéias do jovem Freud que, naquela época, estava iniciando seus ensaios sobre a teoria psicanalítica.
Menetrier chegou a proibir Freud continuar empunhando a lanterna da psicanálise por medo de enfrentar o desconhecido, mas depois de algum tempo acabou reconhecendo a importância e eficácia da luz psicanalítica sobre o lado obscuro do inconsciente e sugeriu ao pai da psicanálise que “deixasse os escorpiões na caixa escura”.
Tal conselho só é pertinente quando não se tem maturidade, coragem e, principalmente, suporte técnico profissional adequado para desvelar conteúdos obscuros recalcados no inconsciente e, depois descobri-los e reconhecê-los, para então elaborá-los, se assim avaliado necessário.
Me encabula tanto quanto me surpreende ouvir discursos vazios de profissionais da área psi contra a teoria, método e técnica psicanalítica.
Mesmo que tais profissionais não sejam simpáticos ou fluentes no saber e prática psicanalítica, pelo menos como cientistas deveriam considerar a técnica como mais uma opção na busca pela possibilidade saúde abstrata mental das pessoas.
Nem toda técnica e método se mostra eficiente para todos os casos e em todas as pessoas. Pessoas diferentes e com diagnósticos semelhantes reagem diferentemente a determinados princípios ativos medicamentosos e também a determinadas técnicas psicoterápicas, portanto gostando ou não da psicanálise quando o profissional da área psi descarta a psicanálise como técnica, ao mesmo tempo diminui e restringe as possibilidades de amenizar o sofrimento de seus clientes.
Nem todas as técnicas são eficazes para todas as pessoas e em todos os casos.
A psicanálise nunca pretendeu ser a melhor ou a mais indicada para amenizar o sofrimento psíquico de todas as pessoas, mas sempre se colocou à disposição de quem, independentemente de sua formação, teve interesse estudá-la, compreendê-la, dominá-la e, por conseguinte, aplicá-la para o bem comum, individual e coletivo.
Negar a luz não muda ou interfere o que há no escuro. Porém, quando alguém corajosamente decide usar a lanterna da psicanálise e lançar luz em seu lado obscuro da mente pode se surpreender, como a maioria se surpreende, em descobrir que de fato pouco ou nada existia de muito grave a ser resolvido, mas que por sorrateiramente operar no escuro, fora do campo da consciência, era de fato conteúdo exponencialmente potencializador dos efeitos colaterais das vivências mal elaboradas ou mal compreendidas durante o Édipo e a  infância.
Quando a ciência pretere técnicas e fecha portas para a diversidade de possibilidades também se contradiz e encerra sua qualidade e propriedade científica transformando-se em doutrinas dogmáticas  particulares formadoras de prosélitos ao invés de consolidar-se como fonte de saber formadora de profissionais competentes.
     Prof. Chafic Jbeili

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Sexo saiu do Armário


“O Sexo Saiu do Armário”
O sexo saiu do armário não para liberdade, mas saiu do armário para transgredir a prisão do desconhecimento da instância do prazer.  
Esse sexo que na estruturação do sujeito em sua infância não obteve a castração de sua overdose incestuosa dos tempos do Édipo, muitos talvez também não tivessem a figura simbólica masculina do pai que é nomeado e apresentado pela mãe na instância da psicanálise lacaniana.
O sexo saiu do armário porque perdeu seu sentido e sua significação de Prazer.
Agora todos querem “gozar” transgredir, e o transgredir está da instância do “gozo” e isso tem um custo segundo Lacan falando sobre o “Gozo” da sexualidade humana e seus paradigmas. 
Mas parece que ninguém quer pagar essa conta dessa transgressão para “Gozar” sem prazer; a banalização da sexualidade é em função de diversos fatores que se iniciam no Édipo da criança e na vida adulta; há apenas uma deformação desse Édipo não resolvido para outras apresentações que vão desde bizarras a conversões histriônicas mais modernas.
Com isso cria-se uma espécie de heterofobia culposa onde nela será debitado o preço desse gozo perverso e quem sabe às vezes até patológico e meio psicótico subliminar.
Onde a instância do prazer não se estabeleceu por causa figuras simbólicas faltantes no Édipo, pode se estabelecer o “gozo” como algo negativo para procriação inclusive da espécie humana num futuro próximo estaríamos fadados à extinção. Isso é algo para se repensar.
Corremos um risco de num futuro de se unificarem inclusive os partidos políticos e as religiões para defender e proteger-nos “Uns dos sexos dos Outros” E para que cada sujeito tenha e encontre o seu “gozo”, mas nunca mais ache seu prazer.
Inclusive a política, a mídia e o capitalismo sabem disso, nós consumimos e gastamos muito mais dinheiro na instância do “Gozo” e não na instância do prazer.  Já que no gozo a transgressão é o único fim e não me preocupo com a necessidade de alguma reserva ou educação financeira.
No prazer tenho que doar amor, sentir raiva, magoar, perdoar, relacionar-se e investir com a possibilidade inclusive da perda do objeto amado ou desejado tudo “isso” para que em algum momento possa sentir prazer, no prazer tenho que me aceitar como nasci e não no que me transformei.
No “Gozo” não.
Nessa instância nós transgredimos, transformamos a tudo e a todos é uma espécie de rebeldia em busca de uma completude que “Lacan” diz que o “gozo” não serve para nada.
Na instância do “Gozo” é que acontecem as coisas mais bizarras da vida do sujeito e em sua prática da sexualidade.
No prazer tenho que pensar e  repensar inclusive dentro de um contexto mais tradicional em sociedade, família, religião e político para não agredir de forma sublimar o "outro".
No gozo não preciso pensar, usa-se toda libido (energia) para mostrar-se, impor-se e promover-se inclusive publicamente, sem se preocupar com quem paga a conta educacional, antropológica, pedagógica ou religiosa do meu gozo.
Na psicanálise mais coloquial gozar a vida é uma instância bem distinta de ter prazer na vida.
É preciso ficar atento ao cunho dogmático e quase educacional e antropológico que esse assunto: Homofobia, Homossexualismo, Lesbianismo e heterossexualismo estão demandando tempo na mídia e nos noticiário em geral destaca-se somente algumas pessoas famosas e artistas que necessitam de estar na mídia e na TV para aumentarem sua fonte de renda.
Isso anda gerando desperdício de dinheiro público da forma com que hoje tratamos assuntos sobre questões que antigamente era de cunho de tabu e de uma escolha particular entre quatro paredes do exercício da preferência de sexualidade.
Eram somente os amigos e pessoas de muita confiança no qual se confidenciava a sua preferência, orientação ou a sua prática sexual, isso era legal e não havia banalização da sexualidade humana. 
Hoje parece existir um gozo perverso que é vir a público de forma narcísica se expor histrionicamente causando vergonha e banalizando a utilidade do sexo na sociedade e não mais entre quatro paredes.
Negar o “falo” hoje parece que virou bandeira de tentativa de conquistar alguma forma poder e status. Isso é uma forma mascarada e sublimada de tentar criar uma demanda constragendora e clima de tensão, para uma possível guerra de nervos entre os heterofobicos e homofóbicos.
O sexo objetal seja ele hetero, homossexual ou lésbico que há algum tempo era algo de quorum muito intimo privativo hoje saiu às ruas, saiu aos noticiários e inclusive é alvo de demanda e gastos de logística e mídia junto ao poder público.
É preciso tomar cuidado, porque daqui algum tempo todos sairão às ruas “pelados” porque algum grupo de pessoas que se sentiam discriminadas resolve assumir o poder, criar direitos e leis e obrigar a todos andar “pelados”.
E o pior vão investigar se você se sente pelado e pensa de forma pelada e ninguém não vai poder falar nada, nem crítica e a liberdade de pensamento será a primeira prisioneira do sujeito que pensar fora do formato sexual do “Outro”, voltaremos à ditadura de uma forma moderna e mascarada onde seremos proibidos de pensar, falar e expor minha opinião sobre a sexualidade que saí às ruas como fazem animais irracionais; exemplos cães na rua.
Os pelados terão que pensar e comer de forma igual a mando da lei. Já imaginou isso é o fim da liberdade de sexualidade, liberdade de pensamento e liberdade da palavra.
Nada tenho contra a quem prática sua sexualidade seja homossexual ou lésbica, ao longo de quase vinte de acolhimento da escuta, tenho atendido a pessoas de diversas preferências sexuais e a grande maioria delas com dignidade declaram que não gostam de exposição pública, seja na mídia, ou seja, em locais públicos sobre sua preferência ou prática sexual.
Alerto aos pais, educadores, juristas e políticos do perigo social, educacional e cultural que é querer que tudo isso que antes era “privativo” saia às ruas como uma bandeira de aquisição de poder, de política e de uma nova forma de cultura para nossos estudantes, filhos e netos.
O Sexo não é cultura, não é educação pública, não deveria ser um novo partido político querendo assumir o poder.
Saber se o Sexo é “prazer ou gozo” não é objeto de política pública, do estado e da justiça.
Isso hoje é explorado para aumentar o ibope nas emissoras, desvia-nos a atenção da violência de menores, o desemprego e a saúde pública do país estão agonizando na UTI a espera de algum milagre.
O estado e a justiça não deveria se preocupar se os heterofobicos ou homofóbicos estão tendo prazer ou gozo seja em público, nas quatro paredes do seu quarto ou de um motel.
Isso está saindo do normal para uma exposição ridícula desnecessária.
Uma coisa é a discriminação, preconceito e outra coisa é usar isso como álibi para uma exposição que ridiculariza a sociedade, as famílias, as religiões e afronta os heteros.
Na psicanálise o “prazer” está na instância do neurótico e o gozo na maioria das vezes é a instância da transgressão do prazer, e segundo Lacan há seis paradigmas para o “Gozo” do sujeito.
O que está acontecendo é que ninguém mais quer prazer, todo mundo quer é transgredir e obter “gozo” imediato a qualquer custo e sem assumir nenhum custo, seja ético, educacional, político ou religioso.
Essa sexualidade “fora do armário” é na verdade uma forma subliminar de tentar assumir o poder que não se “tem”.
E que sabe no final ainda querer mandar ainda essa conta para os cofres públicos, os legisladores vão criar leis e mais impostos por conta disso em breve.
O Psicanalista Francês Lacan; já dizia se você está em busca de realizar seu “Gozo” se prepare para arcar com seus custos. 
Já que a instância do “prazer” dentro do contexto psicanalítico exige a demanda do se auto-conhecer, de auto-estima e da sexualidade instintual e não da sexualidade da banalização do “Falo do Outro”. 
Recomendo a receita antiga que cada um use a seu “gosto” ou preferência sexual na privacidade das suas quatro paredes de seu quarto ou de algum motel, é aí o ambiente ideal para seu gozo.
Assim poderemos ter vida sexual sem fazer com que todos sintam vergonha e ou nos sintamos expostos por ter determinada preferência ou orientação de atividade sexual.
Não é necessário vir escrito em minha identidade civil qual a minha preferência sexual, nem o estado e nem a constituição precisa se preocupar se estamos tendo prazer sexual ou algum gozo perverso ou bizarro sexual.
O estado, a política e a justiça deve se preocupar sim com os bilhões de Reais que oneram o tesouro nacional em campanhas preventivas e tratamentos de saúde das doenças do sexo.
A questão das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) já ocupa muitos profissionais de saúde e demanda milhões do orçamento da união para saúde pública no que se relacionam as doenças da sexualidade humana.
A preocupação se tem “prazer”, “gozo” desprazer para isso já existe uma vasta literatura de Freud a Lacan e muitos outros que já há anos escrevem e estudam a sexualidade humana.
Se vivemos tempos de liberdade e inclusão, mas é preciso “repensar” inclusive as campanhas de DST, que em sua maioria é direcionada para o público hetero.
Sou a favor de uma ampla campanha pública de Dsts transmissíveis da Homossexualidade e Lesbianismo, visto que a maioria das campanhas a culpa fica debitadas sempre aos heteros se os direitos são iguais os deveres de esclarecimento e informação devem ser iguais também. 
 É preciso que o poder público informar aos pais, educadores e estudantes através de palestras e campanhas de saúde das possíveis DSTs de práticas homossexuais ou lésbicas sem a devida prevenção e orientação de saúde da sexualidade humana.
Os heteros estão levando todo o ônus e a fama das DSTs passa-se a impressão que exercer a opção do lesbianismo ou da homossexualidade é algo muito seguro, com assepsia, higiene e saúde, e isso não é verdade em nenhum país ou cultura do Mundo.
É preciso que essa bandeira da regulamentação do homossexualismo, bissexualismo ou lesbianismo assuma com dignidade sua opção sexual para a instância do prazer entre as quatro paredes.
E não fiquem querendo criar com isso uma forma de poder paralelo, partido político ou mesmo uma forma de cultura pública de sexo de obrigar a existência de adeptos e seguidores do seu “Gozo”.
Sexo não é cultura e nunca será, sexo não deveria ser prioridade do estado ou da igreja, é um assunto de quorum muito íntimo e pessoal, que fica vulgar se exposto a público sem um norteamento a faixas etárias.
Esclarecendo que não sou contra e nem a favor de casamento dos homossexuais, lésbicas e  até acho que isso pode ser algo moderno. E quem sabe no futuro esses casais modernos possam através de implantes de (órgãos) inclusive terem úteros e produzir leite maternal e constituírem seu próprio clã familiar.
O que fica bizarro e vergonhoso é usar-se desse meio para atingir na verdade outras finalidades sublimadas que são alheias ao preconceito e a discriminação sexual.
                                  "Amor é Dar oque Não se Têm a quem Não o Quer"  (LACAN)

”Hoje temos liberdade de pensamento e de sexualidade, mas muitos de nós vivemos desqualificando o desejo”.
Prof. Dr. Luiz Mariano
Psicanalista Clínico




Carnaval e Psicanálise

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