O Amor é dar o que não se tem (a alguém que não o quer). Esta frase aparece como um refrão no Seminário VIII, "A transferência" (1960-1961), tendo já figurado no texto "A Direção da Cura" (1958). Em ambos os contextos, é da transferência analítica que se trata, aquela que Freud não hesitou em chamar de amorosa. Na definição do Dictionnaire de la Psychanalyse, de Roland Chemama, no verbete amour (références Larousse), o amor é um "sentimento de afeição de um ser por outro, às vezes profundo, violento mesmo, mas sobre o qual a análise mostra que pode estar marcado de ambivalência e, sobretudo, que não exclui o narcisismo". O amor inspirou os poetas e os filósofos desde sempre, a própria Filosofia se intitulando como "amor da sabedoria". A psicanálise veio dar um giro no conceito, acrescentando ao psicológico e imaginário as incidências inconscientes do ser de desejo e de falta. Para demonstrar o quanto de antinômico pode perpassar o