"O Pensamento
psicanalítico vai muito mais além que a teoria ou a prática clínica ele se
oferece como um instrumento para repensar o Mundo e o repensar em nós mesmo no antes
e depois de tudo. O pensamento Psicanalítico tem grande utilidade, pois quebra
o nosso narcisismo do Pensar, e isso nos auxilia no “Connhece-te a ti Mesmo"
O
Sintoma em Psicanálise
A
ortodoxia serve para aprendermos a teoria e a leitura psicanalítica para novos
pensares e “pesares”.
Mas na prática a ortodoxia pode
ser meio esterilizante para uma psicanálise pós moderna*, hoje precisamos mais
de acolhimento a ética do desejo que de diagnóstico.
A leitura e estudos dos ensinamentos
de Freud que fez Lacan foram "essa liberdade de tratar um autor até recriá-lo
diante da possibilidade de novos pensares e pesares".
·
Meus
comentários *
·
Comentário do autor: (Nasio) aborda neste (livro) os grande s temas lacanianos.
Para Lacan os verdadeiros
pilares da teoria psicanalítica de Jacque s Lacan:
"O
inconsciente é estruturado como u ma linguagem"
- “O inconsciente do
sujeito analisável revela quem ele é para o Outro e não para Si”
Nesse livro enigmáticos em
sua formulação axiomática, tais princípios fornecem a Nasio o ponto de partida
par a o esclarecimento da tríade sintoma, saber, gozo, básica na teoria
lacaniana.
Sempre
interligando a trama teórica pelo fio fecundo da experiência clínica.
Nasio consegue reproduzir
neste livro o mesmo estilo que consagrou seu Lições sobre os 7 conceitos
cruciais
Que
é para nós (Psicanalistas) é um sintoma?
O sintoma é, propriamente
falando, um evento na análise, uma das
imagens através das quais a experiência se apresenta.
Nem
todas as experiências analíticas são sintomas, mas todo sintoma
que se manifesta no correr da análise constitui
uma experiência analítica.
A experiência é um fenômeno
pontual, um momento singularmente privilegiado que marca e baliza o percurso de
uma análise.
A
experiência é uma série de momentos esperados pelo psicanalista, momentos
fugazes e, além disso, ideais, tão ideais quanto os pontos na
geometria. No entanto, a experiência não é somente um ponto geométrico abstrato
A face empírica, eu diria
até sensível, uma face perceptível pelos sentidos, que se apresenta como o instante em que o paciente diz e não sabe o
que diz.
É
o momento do balbucio, ali onde o paciente gagueja, o instante em que ele
hesita e sua fala se subtrai.
Dizem que os psicanalistas
interessam se pela linguagem, e eles são erroneamente assemelhados aos
lingüistas.
Erroneamente,
porque os psicanalistas não são lingüistas.
Os
psicanalistas certamente se interessam pela linguagem (inconsciente),
mas se interessam unicamente no limite
em que a linguagem tropeça.
Ficamos
atentos aos momentos em que a linguagem se equivoca e a fala derrapa.
Exemplos
(paciente relata seu sono ao analista):
Tomemos um sonho, por
exemplo: atribuímos mais importância à maneira como o sonho é contado do que ao
sonho em si; e não apenas à maneira como é contado, mas, principalmente, ao
ponto exato do relato em que o paciente duvida
e diz: "Não sei... não me lembro mais... talvez... provavelmente..."*
(Mecanismo de censura onírica uma espécie de defesa do real) inadmissível.
É
a esse ponto que chamamos experiência, a face perceptível da experiência: um
balbucio, uma dúvida, uma palavra que nos escapa. (Lapsos de memória, Chiste,
Atos falhos e esquecimentos (Freud).
A
teoria analítica postula, efetivamente, que, no momento em que o paciente é
ultrapassado por seu dito, surge o gozo*.
Por quê? Que é o gozo?
Deixemos momentaneamente de lado essa pergunta, para voltar a ela quando
abordarmos o segundo princípio, sobre a inexistência da relação sexual.
Vamos
trabalhar, por enquanto, o conceito de sintoma, e
enveredemos pelo caminho do primeiro princípio, que, como veremos, afirma que o
inconsciente é um saber estruturado como uma linguagem. O inconsciente.
Formulemos
novamente a pergunta:
Que
é um sintoma?
Sabemos,
comumente, que o sintoma é um distúrbio que causa sofrimento e remete a um
estado doentio do qual constitui a expressão.
Mas,
em psicanálise, o sintoma nos surge de maneira diferente de um distúrbio que
causa sofrimento: ele é, acima de tudo, um mal estar que se impõe a nós, além
de nós, e nos interpela.
Um mal estar que descrevemos com palavras
singulares e metáforas inesperadas.
Mas, quer seja um sofrimento
quer uma palavra singular para dizer o sofrimento, o sintoma é antes de tudo, um
ato involuntário, produzido além de qualquer intencionalidade e de qualquer
saber consciente. É um ato que menos remete a um estado doentio do que a um
processo chamado inconsciente. O sintoma é, para nós, uma manifestação do
inconsciente
Sintoma
reveste se de três características
1). A primeira é a maneira como o paciente enuncia seu do sintoma
sofrimento, os detalhes inesperados de seu relato e, em particular, suas
palavras ditas de improviso.
Penso, por exemplo, numa analisada
que me comunicou sua angústia ao atravessar pontes e disse: "É muito
difícil eu ir, não consigo, a menos que esteja acompanhada...
As vezes, consigo atravessar
sozinha, quando vejo do outro lado da ponte a silhueta de um policial ou de um
guarda uniformizado..."
Pois
bem, nesse caso, é o detalhe do homem uniformizado que me interessa, mais do
que a angústia fóbica em si.
2º
A segunda característica do sintoma é a teoria formulada pelo
analisando para compreender seu mal estar, pois não há sofrimento na análise
sem que a pessoa se pergunte por que está sofrendo.
Assim
como Freud destacava a presença, nas crianças, de uma teoria sexual infantil,
constatamos que o paciente também constrói sua teoria inteiramente pessoal, sua
teoria de bolso, para tentar explicar seu sofrimento.
O
sintoma é um acontecimento doloroso, sempre acompanhado da interpretação, pelo
paciente, das causas de seu mal estar.
Ora, isto é fundamental.
Tão fundamental que quando, numa análise, nas
entrevistas preliminares, por exemplo, o sujeito não é espicaçado por seus
próprios questionamentos, quando não tem idéia da razão de seu sofrimento, cabe
Teoria
de Jacques Lacan Signo Significante (Si) «* SINTOMA Saber inconsciente (S2) • A
maneira de exprimir meu sofrimento • A teoria sobre a causa de meu sofrimento •
O analista faz parte de meu sintoma Gozo.
O inconsciente é estruturado como uma
linguagem Não existe relação sexual então
ao psicanalista favorecer o surgimento de uma "teoria", levando o
paciente a se interrogar sobre si mesmo.
Mas, à medida que, na
análise, o paciente interpreta e diz a si mesmo o porquê de seu sofrimento,
instala se um fenômeno essencial: o analista
se transforma, progressiva e imperceptivelmente, no destinatário do sintoma.
Quanto
mais explico a causa de meu sofrimento, mais aquele que me escuta torna se o
Outro de meu sintoma.
3º
Vocês têm aí a terceira característica do sintoma: o sintoma conclama e inclui
a presença do psicanalista.
Modifiquemos
os termos e formulemos isso de outra maneira: a característica principal do
sintoma, na análise, é que o psicanalista faz parte dele.
Numa análise já bem encaminhada, o sintoma fica tão ligado à presença
do clínico que um faz lembrar o outro: quando sofro, lembro me de meu analista; e,
quando penso nele, o que me volta é a lembrança de meu sofrimento.
O
psicanalista, portanto, faz parte do sintoma. É esse terceiro traço do sintoma que abre as portas
para o que chamamos transferência analítica e distingue a psicanálise de
qualquer psicoterapia.
Justamente, se vocês me
perguntassem o que é a transferência em psicanálise, uma das respostas
possíveis consistiria em defini-la como o momento
particular da relação analítica em que o analista participa do sintoma do
paciente.
(Na participação do sintoma haverá as transferências que podem ser
(positiva, negativas e eróticas).
*
Deixando esclarecido ao leitor e público em geral que tratar de “erotismo ou
sexualidade na “Psicanálise” não significa necessariamente o tratar de
envolvimento ou relação sexual objetal. (ou orgasmo).
Todo
“objeto” em sessões de “Psicanálise” são “imaginários e pertencem a neurose da
linguagem inconsciente de cada sujeito em sua análise*.
O
Terapeuta/Psicanalista gradativamente nas sessões vai ocupar o lugar do
(sujeito do suposto saber).
E
isso que Lacan denomina de sujeito suposto saber. A expressão sujeito suposto saber não
significa, unicamente, que o analisando suponha que seu analista seja detentor
de um saber a respeito dele.
Para
o paciente (analisado), não se trata tanto de supor que o analista sabe, mas de
supor, principalmente, que ele está na origem de seu sofrimento, ou de qualquer
acontecimento inesperado.
Quando
sofro, ou então, diante de um acontecimento que me surpreende, lembro me a tal
ponto de (conversa e escuta do meu analista), que não posso
evitar perguntar a mim mesmo se ele não é uma das causas disso.
Numa
análise em curso, por exemplo, determinado paciente declara: "Desde que
comecei a vir aqui, tenho a impressão de que tudo o que acontece comigo está
relacionado com o trabalho que estou fazendo com você."
Uma mulher grávida nos diz: "Eu engravidei, mas tenho certeza
de que minha gravidez está diretamente ligada à minha análise."
Mas,
que significado a Teoria de Jacques Lacan.
O
psicanalista é o “Outro” do sintoma fica
"diretamente ligada a minha análise"?
Significa que, de um certo
ponto de vista, o analista seria o pai espiritual da criança, a causa do
acontecimento. O fato de o analista
fazer parte do sintoma significa, pois, que ele está no lugar da causa do
sintoma.
Por isso, a expressão
lacaniana sujeito suposto saber significa que o analista assume, inicialmente, o lugar de destinatário do
sintoma * (passa em alguns casos a ser inclusive culpado), e depois, mais
adiante, o de causa dele.
DR. LUIZ
MARIANO
Fonte
de Consulta Referências:
Cinco
Lições Sobre a Teoria de Jacques Lacan
(J.D.Nasio) ZAHAR
Psicanálise
a Clínica do Real (Jorge Forbes) MANOLE