“Desistir ou
Desejar”
Porque desistimos
ou não insistimos naquilo que iniciamos ou
“desejamos”?
Você já se fez essa
pergunta alguma vez?
Por que sempre
desistimos das coisas que queremos tanto fazer ou mesmo que quero conhecer,
cursar, trabalhar, viajar ou mesmo programar novas mudanças em minha vida.
E o que ainda é
pior alguns quando estão a ponto de ter o seu “desejo” realizado simplesmente
perdem o interesse, desistem e na maioria das vezes nem se preocupam com o tempo
que “urge”.
Estamos refletindo
aqui algo muito sério, como as pessoas chegam aos seus desejos ou desistem do
mesmo como uma sinalização de “desconhecer-se a si mesmo”.
Psicanaliticamente
dizendo grande parte de nós “desconhecemos” de fato nosso verdadeiro “Desejo” ou
quando nos aproximamos do da meta do “desejo” disparamos algum “mecanismo de
defesa e alguma instância de resistência que nos “afasta” do verdadeiro “meu”
“Desejo”.
Isso tudo ocorre
num plano inconsciente, onde enviamos um comando para não mudarmos nada, e
muitos passam a viver uma vida de “desistências” e de “auto-sabotagens” a si
mesmo.
Dependendo desta
relação e de como nos “neurotizamos” nisso a nossa vida se torna um tormento
ou mesmo prazer que explicita as nossas pulsões mesmo que seja de “tânatos”
“morte” segundo Freud.
Desviar-se da rota,
dos sonhos na maioria das vezes nem a própria pessoa “desistente” compreende ou
entende por que disso.
A mesma faz tudo
num processo quase que “automático sutil” onde nisso se auto - pune e se auto-sabota o tempo todo.
Alguns usam isso
para obter algum ganho “secundário” e subliminar de afeto.
Exemplo o homem que
se interessa por uma mulher e quando a tem ele já não sabe se ela é tão
interessante assim como imaginava ser.
Muitos “Desejos”
estão no mundo da “fantasia” e não no plano real de existência e de compromisso
com meu afeto.
O Desejo é
complexo, e quando “desejamos” na maioria das vezes idealizamos uma fantasia de
mim “sujeito” desejante se realizando somente na presença de um
“outro”.
E nem sempre minhas
fantasias, “desejos” fazem parte do inconsciente e da individualidade desse
“outro” e o pior esqueçamos esse “outro imaginário” também é um ser “desejante”
e pode possuir individualidade e desejos também.
Quando se deseja
ter um corpo mais saudável e achar que isso seria muito recompensador, mas você
se vê fazendo tudo contra seu suposto “desejo”.
Uma moça que quer
ter um relacionamento sério, mas se coloca para os homens de uma forma vulgar o
que acaba atraindo tudo menos o tal compromisso que ela diz querer “desejar”
tanto.
Por que o nosso
desejo é tão almejado, e ao mesmo tempo temos atitudes que mal compreendemos que
nos distanciam desse objeto desejo?
Será o medo de ser
feliz? Ou submerso no “inconsciente” qual desconheço meus recalques, desconheço
meu Édipo e por isso vivo uma vida de “desistências” e auto-sabotagens.
Queremos a
felicidade, mas ela parece correr sempre na frente!
Ou mora num mundo
invisível e inacessível.
Desejar não é tão
simples assim, depende da estrutura da sua personalidade, da solução que dei ao
meu Édipo.
Será que me “conheço” o suficiente para ser capaz
de enfrentar desafios da vida sejam as perdas, “perdões” ou ganhos, de ordem
emocional, familiar, social.
Ir ao encontro do
que você diz querer tanto é importante. Faz-nos seres “gregários” mais humanizados,
nos faz amadurecer e evoluir.
Porém só atingimos
isso se nos “conhecemos a si mesmo”, ou melhor, dizemos se já mergulhamos em
nossos conteúdos latentes “inconscientes”.
A estrutura
“psíquica” de nossa personalidade que é “inconsciente” faz nós desistirmos dos
“desejos” e usamos diversas estratégias para isso.
Na desistência
inscrevo a “catexia” do afeto no corpo ou no comportamento.
Assim “adoeço-me”
na medida em que me “permito” no adoecer.
Puno a mim e me
auto-saboto, desisto de tudo.
O corpo adoece na
catexia da emoção do afeto, da fala que não flui ou permite reelaborar a angustia, a aflição.
Seria mais ou menos
assim!
- Ou você desiste
no meio do caminho se distraindo com outras coisas de menos importância.
Ou faz pior quando
tem a tal coisa desejada começa a desdenhá-la, porque talvez de fato não conheça
e nem se situa como ser “desejante” que veio para a vida adulta como uma
estrutura de personalidade bem resolvida em suas culpas, recalques e conflitos
no Édipo.
A pessoa que nunca
alcança o seu “Desejo” ou o desdenha quando o pega nas mãos se sente sempre
infeliz, têm a sensação é que falta sempre algo.
Há uma sensação de
enorme vazio.
E como nós
“Humanos” temos dificuldade para lidar com os “vazios” e com a solidão, nos punimos, deprimimos,
adoecemos até para ir se mortificando para novas experiências, novo amor, nova
casa, novos relacionamentos etc.
Esse assunto por
mais que se tente simplificá-lo é extenso e digno de estudo e análise fielmente
continuada.
A pergunta é se
isso acontece isso com você com qual freqüência?
Continue indo ou vá
ao analista, evidente que
não existe garantia de felicidade para sempre em lugar algum do
mundo, seja em família, religião ou trabalho, mas a psicanálise é uma via segura de nos
conhecer e descobrir que somos muitos mais fortes que “fracos e oprimidos”.
Não há lugar algum
do mundo no qual
poderemos ser mais feliz ou menos infeliz, se a instância da
felicidade não vier de dentro
de cada um.
A psicanálise é um
caminho para nos conhecemos “Melhor” e quando nos conhecemos melhor, conseguimos
transitar com mais liberdade, saúde e sanidade emocional nas relações entre o meu “eu” e o “outro” ou tantos
“outros”.
Respeitar as
diferenças com tolerância, respeitar a individualidade sem querer mudar o
“outro”. Primeiro
me reposicionar é
somente assim, conseguiremos realizar
nossos sonhos e transitar pela busca realização da perpetuidade do nosso
constante “Desejo”.
Dr. Luiz
Mariano
Doutor e Mestre
em Psicanálise pela EPCRJ-RJ
Procurador do
IBF vinculado ao Ministério da Justiça – MJ