“SER OU NÃO SER AMADO”
EIS A GRANDE QUESTÃO DO SER HUMANO
(2009)
Se a Homeopatia fosse chamada para dar uma
resposta sobre o que é Ser humano responderia, através do exercício da
clínica, que Ser humano significa necessidade de Ser amado.
Amores e desamores!
A Homeopatia, também denominada Clínica da Similitude é,
fundamentalmente, a clínica dos amores e desamores.
Não que a Homeopatia já houvesse nascido com esse
objetivo, o de tratar desamores, mas simplesmente porque, após mais de duzentos
anos de estudo e prática, revelou-se portadora dessa virtude.
Decorre isso do fato de o medicamento homeopático,
ao mobilizar o humano como o Ser unitário que é, evidencia o corpo e a mente
sofrendo juntos.
Ao pesquisarmos um pouco mais profundamente o porque
adoecemos encontramos sempre, nas origens das nossas desarmonias, uma situação
afetiva que envolve o "Ser ou não Ser amado".
Um amor não correspondido, um afeto esperado e não
recebido, um desamor declarado ou sutil, uma perda afetiva, sempre, do bebê ao
idoso, o sofrimento afetivo que envolve o ser ou não ser amado desencadeia, no
humano, um movimento desarmônico que se mostrará pelos sintomas do assim
chamado adoecer.
O Sujeito adoece para não morrer!
Parece loucura, mas esse é um dos grandes aforismos
da medicina, compreender que a doença é tão necessária à vida quanto à
saúde.
O adoecer, em sua origem, instala-se na raiz de um
desamor e o sofrimento psíquico, para evitar destruir o Ser em seu sofrimento, socorre-se do corpo para que o sistema se
mantenha vivo. Algumas vezes o sofrimento é tão profundo que a única
saída percebida pelo doente é a morte, a destruição do sistema. Isso é
tão forte que em alguns cursos de orientação para evitar doenças gravíssimas
(entre elas o câncer), recomenda-se às pessoas treinamentos para jamais
esperarem amar ou serem amadas, ou seja, viverem na mais completa indiferença
afetiva (o que sem dúvida as levará a outros adoecerem).
É claro que todos nascemos com uma considerável carga
genética que nos predispõe às doenças.
Nascemos predispostos às alergias, às inflamações,
às doenças degenerativas, etc., e todas essas possibilidades de doenças tanto
mais cedo se manifestarão e tanto mais agressivas e resistentes aos tratamentos
serão quanto maior for o desamor que as tirar de seus estados de latência.
E é por isso que cada um de nós adoece ao seu jeito,
à sua forma, de acordo à sua qualidade de resposta ao desamor.
Para tratar pela Homeopatia, primeiro estudamos esse
Ser único e irrepetível, portador também de um sofrimento e de uma história
única e irrepetível (embora possam ser semelhantes a outros sofrimentos e
histórias de outros humanos) para procurar compreender como se instalou a
desarmonia que o caracteriza como doente.
Às mazelas que se estruturaram a partir desse
sofrimento denominamos doenças.
A Homeopatia cuida, pois de harmonizar o doente com
suas doenças e não tratar apenas às doenças de um doente, esquecendo sua
propriedade de ser um Ser unitário, mente e corpo em sofrimento uníssono e
indissociável.
Homeopatia é uma palavra que tem origem em duas
outras palavras da língua grega: "homeos" que quer dizer
semelhante e "pathos" que significa, escolha, caminho,
sofrimento.
Portanto, tratar com Homeopatia significa utilizar
medicamentos que tenham a capacidade de produzir em humanos sadios sofrimentos
semelhantes aos experimentados pelos humanos doentes. Sofrimentos sempre
semelhantes, nunca iguais, uma vez que os seres são únicos e irrepetíveis.
Para conhecer as virtudes homeopáticas das
substâncias os pesquisadores as experimentam em humanos considerados saudáveis,
ou seja, humanos saudáveis são temporariamente levados ao estado de doentes
para poderem informar sobre os sofrimentos e sintomas que as substâncias podem
provocar.
Uma vez bem conhecidos os sofrimentos e sintomas provocados
por uma determinada substância em humanos saudáveis a ela denominaremos
medicamento.
Este poderá ser utilizado como remédio homeopático
para tratar humanos doentes que apresentem sofrimentos e sintomas semelhantes
aos apresentados na experimentação em humanos saudáveis.
Cada medicamento homeopático estocado nas farmácias
é portador de uma diferente informação sobre o adoecer, sobre os caminhos e
desarmonias que conseguem produzir em humanos saudáveis.
Farmacologicamente o medicamento homeopático consiste
em uma solução de água e álcool que pode ser utilizado em sua forma pura para o
tratamento ou impregnar glóbulos de sacarose ou comprimidos de lactose
preparados de acordo à farmacotécnica homeopática que é única.
As soluções de água e álcool são então trabalhadas
para armazenarem apenas a informação proveniente de cada substância que será
retida nas pontes de hidrogênio das soluções, sem necessidade de qualquer
molécula da substância original.
Ao tocar qualquer parte do corpo do doente o medicamento
homeopático imediatamente comunica ao organismo a informação adoecer semelhante
ao seu sofrimento.
Em havendo semelhança entre o sofrimento provocado
pelo medicamento em humanos saudáveis e o sofrimento vivenciado pelo doente,
estabelecer-se-á uma condição de ressonância entre as pontes de hidrogênio dos
dois sistemas e a partir daí o organismo doente inicia seu movimento em direção
a um melhor estado de saúde, mais harmonioso, com melhor equilíbrio.
Percebe-se o início desse movimento e sua qualidade
de instantâneo, analisando-se a variação percebida na qualidade dos pulsos
carotídeos e radiais do doente, assim como a variação na pressão parcial de
oxigênio sanguínea.
Diz-se que o medicamento homeopático atua muito
lentamente. Isso não é verdade!
O tempo de ação do medicamento homeopático é de uma
fração de segundo, é o tempo de uma palavra.
Em fração de segundo uma palavra que rouba o amor
nos fere e passamos às vezes, a vida toda, adoecidos por causa daquele
momento.
Em fração de segundo o medicamento homeopático
comunica a informação adoecer nele contida, mas a velocidade com que os
organismos respondem é variável, independe da vontade do médico e do doente, a
resposta está relacionada à história do adoecer.
Podemos comparar o medicamento homeopático ao
regente de uma grande orquestra.
Pela sua qualidade de veicular informação seu único
trabalho será reger a orquestra, não tocará qualquer instrumento. Não
ocupará receptores de ordem bioquímica porque sua qualidade está mais para
físico-química, etc.
O objetivo da Homeopatia é ajudar o Ser
a completar o seu adoecer sem que ele se destrua, é ajudá-lo a transformar-se
no sujeito de sua própria vida.
Completado o adoecer, as doenças podem desaparecer
ou, dependendo de sua qualidade (incurabilidade por exemplo), pode
estabelecer-se uma condição de equilíbrio entre o doente e suas doenças, que
não cause sofrimento.
Em qualquer dessas condições, após revisitar todos
os seus núcleos de sofrimentos o Ser ressurge redimensionado, reorganizado, re-harmonizado,
resubjetivado.
Para completar esse adoecer inúmeros eventos ocorre
durante o tratamento homeopático, são eventos que informam sobre o movimento
curativo iniciado após a informação semelhante recebida pelo sistema e que não
devem ser interrompidos sob o risco de, ao impedir o livre fluxo curativo
instituído pelo organismo, percamos a oportunidade de chegar ao pondo de
equilíbrio possível daquele sistema.
A chamada agravação homeopática, a temida piora dos
sintomas que ocorre após o início do tratamento, significa que até aquele
momento o doente não tivera condições de completar o seu adoecer e agora, em
resposta à informação veiculada pelo remédio homeopático, mobiliza-se com
maior vitalidade para completar e fechar a condição de doença.
Os momentos agudos durante o tratamento também
sinalizam para essa reordenação e sempre se revestem de uma intencionalidade
curativa, ou seja, aparecem para drenar as tensões psíquicas que estão se
estruturando.
Permitir que eles acontecessem, sem suprimi-los, é da
maior importância para o sistema atingir seu equilíbrio.
Outras situações surgem sinalizando também para o
movimento positivo desencadeado pelo organismo doente. Assim, o retorno
de antigos sintomas tanto de ordem física como emocional, esparsos ou inseridos
em antigas situações de doenças repetem os caminhos do
adoecer.
As eliminações via erupções em pele, diarréias,
expectorações, corrimentos, etc., também informam que o organismo está
revisitando-se, revendo seus caminhos e completando situações de adoecer que
não ficaram concluídas.
Nesse revisitar-se o inconsciente também se
manifesta através dos sonhos, atos falhos, etc. sinalizando onde o
trabalho psíquico está acontecendo, em que fase da vida o Ser está se revendo.
Entenda-se pois que a Homeopatia não trata as
doenças, mas sim o ser humano que as porta.
A Homeopatia tem potencial para ajudar e tratar a
todos os doentes quaisquer que sejam as doenças, isso porque não é o remédio
homeopático que trata, ele apenas informa ao organismo sobre os caminhos
do novo equilíbrio.
O medicamento informa, o organismo faz.
A
Homeopatia devolve o poder ao ser, objetivando torná-lo sujeito em sua vida.
Texto Publicado em 2009 - Dr. Matheus Marim
Fonte consultada da época (2009):
http://bvshomeopatia.org.br/saladeleitura/texto14serounaoseramado.htm