ATO UM: O INCONSCIENTE
Sabemos que a alquimia do amor vem do encontro de dois inconscientes que são sutilmente escolhidos para que ela possa se dar.
Um
gesto, uma textura da pele, uma maneira de dizer ou simplesmente ser, dá
o start de uma louca viagem que conjura hormônios, lembranças
primitivas, informações de DNA e desperta de um sono profundo dentro de nos e sem
o nosso conhecimento ou consentimento nossas mais antiga memórias
emocionais de nossos links da primeira infância afetiva .
Os primeiros elos emocionais são aqueles criados a partir do nascimento do sujeito, em primeiro lugar com a figura materna porque era com ela que o feto, viveu durante nove meses naquele momento de simbiose gestacional.
Ali mãe e bebe eram uma unidade física partilhando alimentação e respiração. Embalado pelo ritmo de seu coração partilhou hormônios e emoções muitas das quais, dependendo de sua qualidade, não estava em absoluto amadurecido psiquicamente para encarar .
Estas emoções partilhadas podem ter sido positivas ou não. Medos, choque, raiva e todos os seus sintomas foram vivenciados de "dentro" com toda força pelo bebê.
Às emoções reativas decorrentes das experiências passadas pela mãe durante o processo gestacional se agregam aquelas oriundas das próprias expectativas da mãe diante no nascimento em si.
Ele foi algo desejado e planejado ?
Qual a importância e a responsabilidade que antes mesmo de nascer esta criança recebe?
Não é desnecessário lembrar que antes mesmo de serem concebidas muitas crianças já ocupam um lugar especial dentro da família, com encargo de salvar casamentos, criar um vinculo permanente onde não se deseja nem que exista uma relação, ser detentor de uma herança sutil das frustrações profissionais, ou afetivas não resolvidas dos pais, resgatar acordos emocionais subliminares, ou mesmo ocupar lugar de algum outro membro da família que pode ter se ido por óbito ou abandono,
Gradativamente o aprendizado do amor vai para o seu maior bem ou para o seu maior mal se desenvolvendo na formatação de maneiras especificas de se expressar.
Assim a forma que
estes elos foram se construindo e foram vividas, através da criação destes
primeiros links assim como seus códigos diretos e indiretos e suas restrições
ou autorizações irão determinar as condições sobre a qual irão se estabelece os
seus posteriores encontros amorosos porque, cada um de nós irá reviver,
inconscientemente, a sua memória pessoal de sentir e de
expressar ou calar os sentimentos.
A partir daí destas primeiras
lições de amor surgirão as necessidades, inconscientes, diga-se de passagem, de
reparar as relações anteriormente vividas com grande dificuldade,
ou mesmo vivenciar as relações à imagem das que foram experimentadas e
gozarem repetição os mesmos códigos e deslizes no comportamento da
infância junto a estas relações anteriormente conhecidas.
É comum acontecer a busca de retaliação de uma relação pregressa de final ainda inaceitável acreditando que desta forma, poderia corrigir o seu passado.
Em outras palavras: O que ficou inacabado em mim eu preciso inconsciente reproduzir e para que isto se dê, meu inconsciente irá de bom grado manipular minhas percepções, meus afetos, e por fim meus atos, na direção desta reprodução.
Como num arranjo teatral no qual mudam os atores, mas não mudam os personagens nem suas falas nem o enredo em si.
Portanto sempre existirá uma
família antes que teceu uma trama que buscara repetição;
Mas, para ambas as partes, é assim?
Por certo, e a química será mais forte e mais impossível de evitar quanto mais fortes forem os fatores aglutinantes os encaixes de inconsciente e o impulso ao crescimento que eles delegam.
Cinthya Bretas