Quero Meu Balão Mágico de Volta
Não deixe sua Infância
Morrer.
Tenho observado o quanto mudou a infância nos últimos tempos e
na data comemorativa que foi o dia das crianças. Isso me levou a essa breve
reflexão pela simples escuta e olhar psicanalítico.
Passando por algumas lojas vi “pais”, tias e avós a se balançar
como se a dançar-se “disfarçadamente dentro das lojas com musiquinhas
“infantis” e ao mesmo tempo vi algumas crianças apáticas que nem tinham noção
de que a música era aquela que tocava e a remetia a lugar nenhum”.
Inclusive o interessante é que vi algumas “crianças” olharem
para seus pais, tios ou avós com um olhar de reprovação ou indiferença na
dancinha sutil daquelas músicas infantis.
Mas quando as músicas mais antigas e infantis paravam, e
ouvia-se uma espécie de batida funk com letras “mais” agressivas e de revolta,
aí nisso vi algumas crianças se sintonizarem ao ritmo dessas músicas e se
voltarem com um olhar meio que “perverso” para seus pais e cuidadores naquele
momento de presentes.
Isso deve ser coisa de Psicanalista mesmo ver e ouvir o que
quase ninguém percebe.
É estamos vivendo um tempo em que o abandono de valores e de
coisas simples da nossa educação infantil familiar e isso vai nos arremetendo
direto a um “vazio” sem ressignificação para nosso “Ego”.
O “Ego” sem ressignificação e simbolização de boas referências e
valores disciplinares parentais pode talvez levar-nos sim a alguma forma de “psicose
ou psicopatia” sublimada em algum momento de confronto, de falta, de luto ou de
perda em nossa vivência.
“Observei que o quanto uma nova batida musical seja eletrônica
ou funk pode levar a criança a sublimar sua “revolta e a revelar” sua
insustentabilidade afetiva” das aparentes e boas relações familiares e afetivas
entre a infância e o mundo dos adultos.
Hoje temos uma geração de “crianças” alienadas a jogos virtuais e tendo livre acesso a
perfis e redes sociais, locais que na maioria das vezes nem pais e educadores não possuem acesso e nem
a senha.
Pergunto aos pais e
educadores vocês conhecem os contatos e amigos das Redes Sociais de seus
filhos?
Hoje temos crianças que abandonam sua infância para se vestirem ou se travestirem de jogadores
famosos ou para dançarem e cantarem como modelo ideal de adultos famosos que
passam a imagem de (felizes) e isso tudo com consentimento e cumplicidade dos
pais.
Vivemos uma “era” de Crianças
que não imitam mais os seus pais e familiares como referência de educação,
disciplina e respeito, mas de “crianças” que imitam a artistas “imaginários” porque no real até o ser “artista” é
apenas uma mera representação e não o real do sujeito que se veste de artista.
Parece que a “fama e o status” vêm para suplantar aos próprios
pais e educadores, são poucas as crianças que “querem” se vestir e se parecer
com seus pais.
A grande maioria prefere se
“vestir” como artistas, jogadores ou cantores (as), preferem se vestir de forma
“totêmica” para se identificar com algumas tribos “urbanas”.
Esse tipo de comportamento e
outras coisas mais bizarras é que permite essa infiltração nas lacunas e vazios
deixados desocupados pela educação e presença dos pais ou
seus representantes simbólicos na criação dessas crianças ou filhos (as).
O abandono da infância parece
algo irrevogável e bem aceitável sem questionamentos por
pais, educadores, religiosos e familiares.
E me pergunto se teremos um mundo mais justo, humanizado, menos
violento e com mais sanidade; Se nossas “crianças” estão sendo criadas dentro
dessa geração da falta de acolhimento e
da indiferença ao sentimento do “outro”.
“No real ninguém e quase mais ninguém se
importa com ninguém, porque o mundo virtual me remete a preguiça para não repensar nada do que sinto.”
Nossa infância está conectada ao “virtual” imaginário das redes
sociais e jogos a maioria dessas crianças estão
sem a presença da mediação dos seus pais e educadores.
Hoje são muitas as crianças conectadas ao mundo através das
redes sociais onde nem pais, educadores
e a justiça têm acesso a seus conteúdos e nem suas senhas.
É preciso aos pais,
educadores e juristas repensar essa permissividade de conexão ao mundo virtual
de nossas crianças, onde a maioria dos pais e educadores não tem
acesso às essas redes sociais e aos jogos virtuais.
São raros e poucos os pais
que sabem que está na rede de amigos virtuais de seus filhos.
E por conta dessa “ausência” de pais como mediadores nestas
redes virtuais; são inúmeros os casos de
abusos, crimes e pedofilias facilitados pelas redes sociais.
É preciso repensar até onde é
saudável na construção do “Ego” infantil do sujeito pode se permitir a entrada
em territórios sem a mediação e a presença de pais, educadores e religiosos.
As crianças estão
“preenchendo” vazios e lacunas deixados pelos seus pais e educadores.
Esses “espaços” são facilmente preenchidos por letras musicais, por vestimentas, e por redes virtuais onde na rede social posso pensar e me expressar sem a mínima possibilidade de não repensar nada.
Esses “espaços” são facilmente preenchidos por letras musicais, por vestimentas, e por redes virtuais onde na rede social posso pensar e me expressar sem a mínima possibilidade de não repensar nada.
Na vida só vai existir o “repensar” se houver alguém para fazer
essa ponte de mediação com um olhar imparcial de cuidado, para dar as crianças
esse ponto de referência.
As crianças que não necessariamente vão para análise para
resolver as neuroses de adultos.
Mas as mesmas são até vítimas
das “neuroses” de adultos do próprio clã familiar ou parental.
É preciso se fazer “presente” nessa mediação dentro do clã
familiar para que nossas crianças aprendam que têm que aprender a pontuar
interpretar e confrontar cada necessidade, pedido e desejo para se sentir
inserido no mundo moderno.
“Na educação onde há disciplina e mediação haverá sanidade para
construção do “Ego” infantil saudável mesmo que sendo neurótico, somente assim
haverá possibilidade de Amor e Respeito ao próximo”.
“Mas onde não houver nada disso haverá a grande probabilidade de
psicoses e psicopatias” para todo tipo de desordem humana.
Prof. Luiz Mariano M.D.