“Somos
uma Nova geração de Filhos Sem o Nome do Pai”
Nome Pai (Lacan)
(Nome da lei, Nome do Interditor do desejo incestuoso, Nome da Instância
do grande “Outro” sem o nome do “Pai” ou a ausência da sua inscrição com "isso" o desejo de incesto pode se transformar em (pulsão de
Morte) por isso sempre haverá perversão sexual e violência.
Dr. Luiz Mariano M.D. Psicanálise Clínica
Violência e Psicanálise
Temos acompanhado estarrecidos a violência cada vez maior à nossa volta.
Requintes de crueldade bestiais, culminando quase sempre com a morte das
vítimas indefesas.
Essa mesma banalização da morte, onde queimar corpos, dizimar famílias,
o uso de armas de fogo sofisticadas, a disseminação da droga, choca-nos
profundamente.
Mais recentemente, a criança de seis anos, que morreu arrastada pelo
carro roubado por marginais, presa ao cinto de segurança.
Não há palavras que cubram ou possam explicar tais ações.
Diante desse "real" dos fatos, resta-nos apenas um absurdo
inexplicável, que está totalmente fora da lógica que aprendemos como social.
Escrever sobre o assunto aqui, nesse gigantesco laço social que é a
Internet, é um desejo de compartilhar com os amigos a busca de um sentido
qualquer para o que ora vivenciamos.
Vamos passo a passo:
-Desde criancinhas, já temos presentes pulsões sexuais circulando por
nossos corpos.
A busca de satisfação dessas pulsões é constante, a obtenção do prazer,
não importa por que meios.
-Estruturalmente, instaura-se uma lei simbólica para nós, que a
psicanálise denomina Nome-do-Pai,
lei esta, que vem interditar a obtenção desse prazer maior, tornando-nos aptos
a circular no que acima denominei de social.
-Circular nesse social, quer dizer, fazer uso da palavra, pertencer a um discurso que possa nomear nossos desejos e outros, já que a satisfação completa fica para sempre perdida a partir da interdição, da lei.
-É a partir daí, que se faz possível conviver, trabalhar, amar, enfim, organizar os grupos sociais de uma forma "aceitável".
-Circular nesse social, quer dizer, fazer uso da palavra, pertencer a um discurso que possa nomear nossos desejos e outros, já que a satisfação completa fica para sempre perdida a partir da interdição, da lei.
-É a partir daí, que se faz possível conviver, trabalhar, amar, enfim, organizar os grupos sociais de uma forma "aceitável".
-O não comprometimento com essa lei, o Nome-do-Pai, implica na psicose.
A saber, são os sujeitos que se situam fora de um discurso.
Para eles, não houve a interdição, não houve o corte fundamental que os introduzisse-nos
tais laços sociais.
-Não precisa ser necessariamente o próprio pai do sujeito, a figura a
vir instaurar essa lei.
Basta apenas que seja alguém evocado pela figura da mãe, um nome
suficientemente forte e capaz de se interpor à obtenção do prazer maior.
-Esse Nome-do-Pai é continuamente simbolizado na sociedade, através da figura de dirigentes, juízes, autoridades em geral.
-Esse Nome-do-Pai é continuamente simbolizado na sociedade, através da figura de dirigentes, juízes, autoridades em geral.
Eles estão sempre presentes, lembrando-nos que há barreiras, há
proibições, há interdições, há coisas que não podemos fazer.
O que temos observado porém, é que essas figuras têm sido falhas,
ausentes, não suficientemente fortes para fazer valer os contornos dos limites
permitidos.
O PAI biológico não tem podido estar presente à criação de seus filhos.
Por motivos sociais inúmeros, que não nos cabe aqui ressaltar.
A nação tem estado
à deriva, sem um PAI, sem a LEI.
Os partidos
políticos representariam ao povo, o PAI acessível, o PAI interlocutor,
dividindo a célula grande (o país) em pequenas células (os partidários
eleitores).
E lá, numa instância maior, fariam se representar em nossas reivindicações
e desejos, em suma, em nosso bem estar e seguranças.
O que vivenciamos ultimamente não está apenas aquém disso, mas sim,
estamos absolutamente abandonados à própria sorte (violência, miséria, etcs). Falta-nos
esse PAI, falta-nos a proteção, a credibilidade, e o pior, a própria figura de
um chefe/imagem identifica tória de cidadania e respeito.
A horda vai se
formando de SEM LEI, SEM TERRA, SEM TUDO, e se avoluma.
Uma grande
psicanalista francesa, Collete Soller, já se referiu ao termo: "UMA MASSA
ESQUIZOFRENIZADA".
Nossa indignação e o não entendimento, provêm certamente do que me
referi acima: tentamos entender no registro simbólico (fomos submetidos à lei),
dentro de um discurso outro, totalmente incompreensível a "bestas"
enfurecidas.
Estamos impotentes, simplesmente porque o famoso olho-por-olho ou
dente-por-dente não cabe no nosso discurso socializado.
Resta-nos esperar
pelo PAI dirigente honesto, pelo PAI que faz cumprir a lei, pelo PAI que
restaure uma imagem de respeito e dignidade.
Rita Guimarães é Psicanalista