sábado, 30 de agosto de 2008

AFINIDADE

                                                                                      AFINIDADE 

Artur da Távola

(in memorian)

 

Não é o mais brilhante mas

é o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.

O mais independente, também.

Não importam o tempo, a ausência, os adiamentos,

as distâncias, as impossibilidades:

quando há afinidade, qualquer reencontro retoma

 a relação, o diálogo, a conversa,

o afeto, no exato ponto em que

ele foi interrompido,

ontem ou há 40 anos.

 

É não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.

Do subjetivo sobre o objetivo.

 Do permanente sobre o passageiro.

Do básico sobre o superficial.

É rara.

Mas quando existe não precisa de

códigos verbais para se manifestar.

Ela existia antes do conhecimento, irradia durante

e permanece depois que as pessoas

 deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de

 expressar a um não afim, sai simples e claro

de sua boca diante de alguém

 com quem tem afinidade.

 

É ficar de longe pensando

parecido a respeito dos mesmos fatos que

impressionam, comovem ou mobilizam.

É ficar conversando

sem trocar uma palavra.

 É receber o que vem do outro com

uma aceitação anterior ao entendimento.

É sentir com. Nem sentir "contra",

nem sentir "para", nem sentir "pelo".

 

É sentimento singular, discreto.

Não precisa nem do amor.

 Pode existir quando ele está presente

ou quando não está.

Independe dele mesmo sendo sua filha.

 Pode existir a quilômetros de distância. É adivinhado na

 maneira de falar, de escrever, de andar, até de respirar.

É linguagem

 secreta do cérebro,

 ainda não estudada.

 

Além de prescindir do tempo

e ser a ele superior, ela vence a morte

porque cada um de nós traz afinidades

ancestrais no inconsciente e que se

 prolongam nas células dos que nascem de nós e

 vão para encontrar sintonias futuras

 nas quais estaremos presentes

 mesmo mortos (mortos?) há tantos anos.

 É ter estragos semelhantes

e iguais esperanças

permanecentes.

 

É conversar no silêncio,

 tanto das possibilidades exercidas

quanto das impossibilidades vividas.

É retomar a relação no ponto em que

parou sem lamentar o

tempo da separação.

Porque ele (tempo) e ela

 (separação) nunca existiram.

Foram apenas a oportunidade dada (tirada)

pela vida, para que a maturação

 comum pudesse se dar.

E para que cada pessoa possa ser, cada vez

mais, a expressão do outro sob a

 forma ampliada e refletida do

eu individual aprimorado.

 

Sensível é

a afinidade.

E exigente, apenas

de uma coisa: que as

 pessoas evoluam parecido.

Que a erosão, amadurecimento

ou aperfeiçoamento

 sejam do mesmo grau.

***

Paz e Bem a todos !!!

 

Luiz_FRC_Psycneurosciense

                                                                                                            

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