segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

" Todo Mundo quer Amor" Dr. Jorge Forbes-Psicanalista

 
 
 
 
 


"TODO MUNDO QUER AMOR..."


( Entrevista com Dr. Jorge Forbes - para Revista Marie-Claire)

Todo ser humano necessita de alguém que
o incomode,
que o
desafie todos os dias.
 
Quando acontece o encontro, um
acorda o outro e é bom,
 as pessoas precisam
de alguém
que as
retire do comportamento
individualista.

A mulher deve ser "a pedra no caminho" do homem,
como nos versos de
 Carlos Drummond de Andrade.
É ela quem
alerta o homem, porque ele é mais acomodado
e ela é mais inquieta.
O encontro faz com que os dois tenham motivo
para reinventar
a vida todos os dias.
Mas felicidade dá trabalho.

Idealizar que o parceiro é
a fonte da felicidade
tem dois lados ruins:

Primeiro)  Enquanto está sem par, a pessoa desvaloriza as outras
conquistas da vida, que também
são importantes, mas
acabam passando
despercebidas.

Segundo)  Se, por acaso, consegue que seu relacionamento amoroso
 atinja seu ideal de felicidade,
está fadada a perder
essa situação, já que nenhum
relacionamento é ideal eternamente.


Tentar ser feliz é obrigatório.
 
Realizar é uma sorte.
 
Para chegar um pouco mais perto,
aí vão alguns lembretes:

1. Não acredite em conselhos que tenham
em sua composição a palavra
 "dever".

2. Esqueça regras pré-concebidas.
As formas de satisfação a dois só podem ter uma regra
- o comum acordo entre
os parceiros.
podem ter uma regra
- o comum acordo entre os parceiros.

3. Os parceiros podem contar todas as fantasias amorosas um para o outro:
contar sempre, realizar quando der.

4. Jamais tente compreender a felicidade.
É preciso suportar o inusitado dela, mesmo se você não compreende o
que está acontecendo!
Com medo de que a felicidade acabe, as pessoas
ficam tentando descobrir a receita para
repetir exatamente o que aconteceu,
na tentativa de aprisionar o momento feliz.
Mas toda vez que se constrói
uma prisão, a felicidade acaba.

5. A base da felicidade é o novo,
a originalidade.
Ela é a possibilidade de viver fora
do padrão e de
reinventar a vida.
Quem ousa tem mais
chance de
 ser feliz.


A felicidade é poder manter algo dos 5 anos de idade e não
ser taxado de débil mental.
Felicidade é a força
bruta do desejo, que dá o impulso para que as coisas se realizem.


Há sempre uma diferença radical entre dois parceiros:
amor é o nome que se dá à ponte que recobre
temporariamente essa distância entre eles.
Mas a diferença sempre vai reaparecer, é inevitável.
A felicidade é
tênue, um encontro provisório.
Não é standard, nunca é fixa.


Tratar a relação amorosa como um tapa-buraco para as dificuldades
da vida é exigir demais do parceiro, que
acaba tendo uma responsabilidade
que desconhece e com a qual não pode arcar.

Não existe garantia.
 
Todo amor é um contrato de risco e nisso reside sua graça e sua desgraça.
Graça, quando contribui para aumentar
o entusiasmo na vida.
 
Desgraça quando deixa a pessoa desarvorada
- a pior reação de uma
mulher frente à perda de um amor,
segundo [a escritora] Marguerite Duras.


Felicidade é uma responsabilidade pessoal e intransferível.
Quem espera que o outro lhe traga a felicidade é
porque se acomodou.
Colocou o parceiro no lugar da mãe que levava o Toddy na cama.


Transformar amor em remédio é perigoso,
felicidade não é artigo de consumo.
A relação amorosa tem duas
vertentes: a afetiva e a sensual.
 
A afetiva é cuidado, segurança, companheirismo - é repetição.
A sensual é invenção e nada tem a ver com o cuidar
- envolve surpresa, uso sexual recíproco e tem uma vertente enigmática.

Quando as pessoas estão carentes,
tendem a desenvolver a corrente amigável e sufocar a sensual.
Aí o amor acaba.
Quem se preocupa demais com o dia-a-dia
costuma fazer mal amor à noite.


Quando se gosta de alguém, a tendência é ficar vulnerável.
Amar é suportar ser ridículo.
A partir dos 30 anos
as pessoas estão escaldadas, já tiveram decepções amorosas.
Daí o medo.
Mesmo assim, vale a pena arriscar
novamente, ainda sabendo que pode se ferrar de novo.
 
Mas se a pessoa só se ferra, é hora de desconfiar de suas
más escolhas.
Tem gente que
tem prazer em sofrer.


A paixão pode ser chamada de felicidade,
mas, quando se transforma em um ideal de vida, fica supervalorizada e
representa um perigo.
Fica bonito no teatro, mas é muito triste na vida real.
Daí personagens como Romeu e
Julieta, Tristão e Isolda, Abelardo e Heloísa...
Morreram porque tentaram eternizar a paixão.
 
Quando os envolvidos querem manter intocável a paixão, quando não suportam mudança
ou interferência, acabam selando um
compromisso de morte. 



 
Instituto Brasileiro de Direito de Família
Projeto Análise - São Paulo - SP


 

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