terça-feira, 2 de junho de 2015

Breve Introdução a Interpretação Sonhos ( Freud )

NOTAS DE  AULA
INTRODUÇÃO A INTERPRETAÇÃO  DOS SONHOS
TEMPO: - Somente depois de algum tempo de iniciado a terapia (psicanalítica) ou as sessões de análise, que será  comum o paciente (de análise) começar a se lembrar / recordar dos seus “sonhos” antes esquecidos ou sem importância. O relato desses sonhos podem fazer parte da análise e travessia do sujeito em sua terapia e auto-conhecimento do ( ics).   
LEMBRAR / RECORDAR: - o Lembrar ou recordar os sonhos se dará com o período da fidelização da “parceria psicanalítica” é quando o psicanalista é o cara que acolhe o saber inominado do analisado (de forma imparcial e amoral) e passa a fazer parte do  seu sintoma. (Se estabelece vínculos de confiança e passa fazer parte do discurso do sintoma (ics) )
- REPETIÇÃO / PESADELO: o Sonho (repetitivo) ou similar / ou mesmo pesadelo terríveis que incomoda. Está revelando algo muito importante e complexo na nossa vida fetal ou pós uterina. Também eventos traumáticos (não bem recalcados) pode vir em pesadelos.   
- DESLOCAMENTO: - Sonho de “deslocamento” de órgãos de partes do (corpo)  têm grande importância na terapia psicanalítica (sonhos)  e no tratamento sintomático psíquico, discurso de órgãos que se deslocam ou mudam de lugar no corpo têm uma simbolização específica e não universal.
- OBJETIVO E OBJETO: - O objetivo do sonho é a manutenção do sono e principalmente da manutenção da sanidade que é (objeto) inorgânico do sujeito (neurótico) para se sentir (ego/Eu) renovado para o dia seguinte.
- NEUROSE E PSICOSE: - Somente neuróticos “sonham” psicóticos não sonham eles (alucinam) a qualquer hora.
- ALIVIO AFLIÇÕES: O Sonho para nós “neuróticos” é uma tentativa de resolver no (plano simbólico)  pendências afetivas, traumáticas, sexuais ou tentar reorganizar nossa sanidade, nós passamos a vida sonhando e repassando o nosso Édipo em revista, realizando desejos e carimbando e recarimbando os recalques ao longo da vida. (Jung)
- LASTRO E TRATAMENTO DOS SONHOS:  Esse tratamento será a partir do  discurso simbólico (contido) nos sonhos por seu sonhador relatados nas (Sessões de Psicanálise) a interpretação pode se iniciar entre   mínimo de quatro meses a dois anos de terapia analítica o sonho passa a ter valor na terapia e isso inclusive respalda da (lastro) da “Psicanálise” de (Freud).
- RESISTÊNCIA: - O Sonho “montado” em “análise” pode virar uma resistência: Tanto o lembrar, o esquecer como o não contar diante disso ele passa a não ter valia efetiva momentânea, mas só na temporalidade que durar o tratamento. (as sessões de análise)      
- ESQUECIMENTO: Sonhos são esquecidos: Motivos: Censura Onírica, baixa oxigenação cerebral, acordar bruscamente, resistência, erotização inominada de um banquete sexual inaceitável para a realidade do sujeito na razão etc..
- AUTO-INTERPRETAÇÃO: Durante o processo de “Analise” o analisado pode sim, desenvolver a capacidade de Interpretar seus próprios sonhos (à medida que diminui a sua resistência e mecanismos de defesas), mas isso sempre dever ser “supervisionado” de tempos em tempos pelo Psicanalista.
- A ANÁLISE DO SONHO NÃO É UNIVERSAL: - O Sonho em “análise” não é universal  pertence a história e a anamnesse do analisado, por isso a interpretação de autoconhecimento de si e seus significantes pessoais e íntimos.
- INFLUÊNCIAS: - O Conteúdo onírico: sofre influencias: Resquícios do Dia, Comilança noturna, barulhos externos, necessidades fisiológicas ou efeito de medicação ((uso de bebida alcoólica, medicação psiquiátrica ou drogas).
- SIMBOLOGIA: - Existem símbolos universais, símbolos regionais, símbolos e culturais em cada sonho isso pode variar na interpretação de  pessoa para pessoa. Ou seja de (Sonhador para sonhador)
-CASO CLÍNICO PESADELO COM SERPENTE: - Relato e a interpretação da simbologia (sonhos ou pesadelos repetitivos): Paciente 29 anos quadro de (depressão e TOC) sonha desde 12 anos que uma (serpente) muito fina tenta sufocá-lo ou matá-lo. Descoberto na entrevista com a (mãe tentou aborto) e o bebezinho nasceu com o cordão umbilical todo (enrolado) no pescoço como se estivesse se extrangulando ou tentando se suicidar no (útero) para atender ao desejo da mãe. Na vida adulta esse bebezinho virou um rapaz aterrorizado pelo pesadelo da serpente.
Baseado em minha experiência de clínica de psicanálise chamo um (evento desse) de trauma de (memória inconsciente neuro-fetal) pode acontecer a partir do 4º mês gestação envolve a mãe, pai e ambiente do acolhimento da gestante.
- SUPORTAR/SUPORTE PSIQUICO: - No sonho eu posso rejeitar aquilo que (suporto e acato na razão / diurna) (pulsão)  de forma simbólica e aceita isso é uma espécie de (ética da sanidade)
- SEXUALIDADE: (IMAGINÁRIO) No Sonho as simbolizações de conteúdo de sexualidade ou sexuais, órgãos (sexuais) não necessariamente representam o (ato objetal sexual) em sim. Mas sim uma demanda simbólica da psique de cada um de nós. Coisas e  lugares ou bizarros também serve de substitutivo (simbólico) a essa visão psíquica da sexualidade (são opositoras em seus significados e produzem significantes) de cada sujeito mas não tem valia universal  a todos.   
 Complementação:
   - Lembrando que somente os “Neuróticos” sonham organicamente é saudável sonhar.  
- O “sonho é o guardião do sono” é a necessidade de “repousar, restabelecer-se organicamente para revitalizar-se física e emocionalmente para o novo dia ” L.M.
O Sonho: Pode receber influências (externas) tais como: excesso alimentar ou fome, frio ou calor, barulhos de chuva, carros, avião, sons, ruídos naturais, desconforto de acomodação e doenças graves. 
- Os psicóticos em sua maioria alucinam e têm delírios. (Psicose) não sonham.  
- (Freud) Sonho é a realização de um desejo inconsciente.
- Que pode revelar parte o real do Sujeito e sua linguagem.  (Lacan)
- O Sonho realiza algum desejo (inconsciente) como uma forma dar “solução, saída, simbolização da demanda do desejo. (solução de conflito) 
- Os Sonhos podem ser (Bons, Maus, de Amor e ódio, Luz e trevas, negação, punição, pecado, vivência do Édipo não resolvido ou fechado).
- Em Pesadelos: É o sonho de censura: necessidade de punição, também pode ter origens traumáticas, rejeição, emoções fortes, afetividade e relacionamentos conturbados, culpabilidade, traumas sexuais (violência psicológica, moral ou sexual).   
- A censura onírica pode alterar a forma e a simbolização do sonho para o (Consciente) ou mesmo para “terapia analítica”.
- O sonho em (psicanálise) não têm fórmula e nem deve ter “interpretação” de dimensão moral ou religiosa, disciplinadora; porém a estrutura psíquica “superego e id” de cada individuo pode influenciar na forma dos sonhos.
- A interpretação do Sonho em análise somente a “Psicanálise” é o que pode dar acesso ao inacessível e insabido do sujeito real dentro de cada um de nos.
Recomendação Importante: Não se de deve tentar “interpretar” o sonho de quem está fora do contexto terapêutico psicanalítico, os efeitos podem ser “negativos” e somáticos e induzir a pessoa a “mais repetição a erros e resistências”. O sonho é material terapêutico da psique do sujeito (único) e nele está seus traumas, Édipo e tudo que foi reprimido, esquecido e inominado.
 SOBRE AS IMAGENS DOS SONHOS
- As “imagens dos sonhos” não são reais (razão / racionais) (são representações e algumas opositoras do que não “deu certo ou não se realizou na (razão) elas são a linguagem simbólica do inconsciente e seus são conteúdos hermeticamente selados / e ou recalcados / traumas e desejos inclusive proibidos estão no universo do sonho que pertencem ao “sonhador”.
- Na terapia psicanalítica “O sonho” pertence exclusivamente ao “sonhador” e na análise quanto mais imparcial, amoral e isolada for à interpretação mais o “analisado” vai colher novas idéias, significações e insights para seus conflitos ou busca de conhecer a si mesmo.
Sonhos: Trazem solução de muitos conflitos internos (Jung)
Sonhos Espirituais: De sensitivos ou de alguns líderes religiosos mostrarem algum caminho a seus que seus seguidores ou o que estes devem seguir. (não objeto da nossa análise).
Sonhos eróticos: Serve para amenizar o sofrimento a angustia do proibido, do pecado e da interdição da e definição da vida sexual, serve para não se expor a “vergonha ou juízo na razão” e serve para solucionar conflitos de intensa “libido” recalcada e edipiana.        
 Sonhos (variam de cultura para Cultura).
Cada um de nós tem seus motivos e mecanismos para o aparente esquecimento ou não lembranças dos nosso sonhos que vão desde: Baixa oxigenação do cérebro, levantar muito rápido, o esquecimento (é um mecanismo de defesa / ou  resistência).
Sonhos repetitivos: (conflitos afetivos, emocionais pendentes e não solucionados por muito tempo, ou repetidos ações e atitudes “padrões” de tempos em tempos.
É muito importante e comum se observar que as pessoas (pacientes) de análise ou aspirantes estudantes candidatos ao lugar de “Psicanalista” que façam e se submetam a “análise” comecem a lembrar dos seus sonhos e aprenderem inclusive a “interpretá-los”.
Na laicidade da psicanálise tratar e interpretar os “Sonhos” é como se abrisse uma “porta” do Céu desconhecida até então a possibilidade de um “saber” da nossa verdadeira aspiração e desejo para melhor encarar a temporalidade da vida com mais sanidade, felicidade, paz e saúde por si mesmo.
Prof. Luiz Mariano

  Referências:

FREUD, S. A interpretação dos Sonhos, Edição C.100 anos,Imago-RJ.1999. FREUD, S. Obras psicológicas Completas versão 2.0-Vol.VII-O quadro clínico, o  primeiro sonho, o segundo sonho, posfácio.
FREUD, S. Esboço de psicanálise. Rio de Janeiro: Imago;1975.Links. Fisher, S. Greenberg R.P. Freud scientifically reappraised: testing the theories and therapy. New York: John Wiley & Sons, Inc.; 1996. Links.
Azevedo AMA. Validação do processo clínico psicanalítico: o papel dos sonhos. Rev. Bras. Psicanálise. 1994;28:775-96. Links. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. Vol. 28 nº2 Porto Alegre May/Aug.2006. Artigos de Revisão. Freud, S. Esboço de psicanálise. Rio de Janeiro: Imago; 1975.    Andrade VM. Sonho e inconsciente original (não-reprimido): a conduta analítica em face de representações inacessíveis à consciência por método interpretativo. Boletim Científico da SPRJ. 2004;2:7-16.     Doin C. A psicanálise e as neurociências: os sonhos. Rev Bras Psicanal. 2001;35(3):687-716.  Cruz JG. A injeção de Irma, cem anos depois: algumas considerações sobre a função dos sonhos. Rev Psicanal. 1996;III:93-109.


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