quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A Psicanálise Liberta as Crianças Daquilo que Elas Ouvem de Pais e Educadores

A Psicanálise liberta as crianças daquilo que elas ouvem

Quando atendemos crianças em psicanálise podemos libertá-las através das palavras daquilo que elas ouviram e ouvem dos seus pais e familiares, como bem nos lembrou, Françoise Dolto, psicanalista francesa.

Palavras que podem ter sido enunciadas em momentos de raiva, sofrimento ou quando suas mães não “sabiam” que aquilo que elas diziam, afetariam negativamente seus filhos.

Pois á maioria das vezes as pessoas dizem brincando algo que faz muito mal.

Lembro-me de uma mãe que chamava seu filho de “porcaria” e acreditava que era algo carinhoso, uma outra quando queria fazer um carinho no filho dava  “palmadinhas” nele, “de forma leve para não doer”, ela dizia.

Na verdade tanto em um exemplo quanto no outro, os filhos foram marcados em seu corpo por esses atos e os repetiam na vida adulta, e isso os atrapalhavam.

Pois acreditar que se é uma porcaria ou que palmadas são carinhos, não pode trazer nenhum benefício.

Na análise com crianças temos a possibilidade de desfazer esses equívocos enquanto eles estão acontecendo, diferente da análise com adultos onde alguns ditos na infância já tiveram um longo tempo de fertilização e consequências negativas.

Com crianças, o jogo, o desenho, a encenação tem lugar.

Ela fala, joga, desenha. À vezes faz um, ás vezes faz os dois: joga e fala ou desenha e fala, ou até encena em silêncio.

Os pais se surpreendem, pois não entendem como que seus filhos tão pequenos têm o que dizer, e acreditem: eles falam.

Contam sobre o que lhes acontecem, falam sobre os desejos que têm, sobre as angústias que sentem, sobre seus medos, seus sonhos com bruxas e monstros, sobre o que seus pais disseram e fizeram, etc. (esses sonhos representam angústia de castração).

Através dos desenhos eles representam o que está em seu psíquico, e os convidamos a falarem sobre sua produção.  

Com eles, nos indicam como está o entendimento delas em relação ao seu meio: á sua família, sua escola, seus amigos, irmãos e também mostram como respondem em relação ao que o outro quer deles.

Vão mostrando através do jogo, como se posicionam em relação aos seus semelhantes.

Ás  vezes convidam-nos para que joguemos juntos, outras vezes querem jogar sozinho, intentam burlar as regras dos jogos ou querem deixar que o analista ganhe o jogo.

E o mais importante de tudo isso é o fato de que todos os jogos têm suas regras, que determinam o que pode ou não ser feito, e isso nos dá a oportunidade para mostrar para a criança que vivemos em uma sociedade que também têm leis e que é muito importante que nós as respeitemos.  

E não são raras á vezes em que nos deparamos com o fato de que essas crianças não estão tendo em casa o estabelecimento das regras e dos limites, pois seus pais acreditam que não o podem!

E acreditam nisso por não se autorizarem a ocupar o lugar de autoridade.
Com o jogo mostramos também que não é possível ganhar sempre, que na vida temos perdas e ganhos.

Com a encenação de uma brincadeira a criança coloca em cena um real que muitas vezes é ameaçador ou que trouxe sofrimento, ou algo que viveu e que foi angustiante e que finalmente conseguem colocar em palavras.

Colocam no simbólico algo que foi vivido e sentido no real de seu corpo. Pois a criança geralmente entende os desejos da mãe como uma ordem que ela têm que cumprir.

Outras vezes escutam algo que não entendem direito e tomam como se fosse algo verdadeiro e passam a agir de acordo com aquilo que elas acham que seus pais querem para elas.

E como elas dependem dos adultos tanto para que eles a ajudem a realizar as necessidades quanto os desejos, não resta outra alternativa para elas.

Portanto, em análise as crianças podem falar e mostrar o que elas entenderam em relação aos desejos de seus pais e através das encenações, dos desenhos e dos jogos, podem elaborar sentimentos que não lhes fizeram bem.

Aprendem na experiência analítica, que elas podem dizer “tudo” o que se passa em sua cabeça, que sentem em seu coração e em seu corpo, para que assim possam se livrar de sofrimentos que as impedem de avançar psíquica e fisicamente.

Mas, não podem fazer tudo o que elas querem, e que isso é uma condição para todo ser humano. 

Andreneide Dantas
 Psicanalista



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os Efeitos Colaterais se a Infância do Adulto Morrer....

Quero Meu Balão Mágico de Volta


Não deixe sua Infância Morrer.
Tenho observado o quanto mudou a infância nos últimos tempos e na data comemorativa que foi o dia das crianças. Isso me levou a essa breve reflexão pela simples escuta e olhar psicanalítico. 
Passando por algumas lojas vi “pais”, tias e avós a se balançar como se a dançar-se “disfarçadamente dentro das lojas com musiquinhas “infantis” e ao mesmo tempo vi algumas crianças apáticas que nem tinham noção de que a música era aquela que tocava e a remetia a lugar nenhum”. 
Inclusive o interessante é que vi algumas “crianças” olharem para seus pais, tios ou avós com um olhar de reprovação ou indiferença na dancinha sutil daquelas músicas infantis.
Mas quando as músicas mais antigas e infantis paravam, e ouvia-se uma espécie de batida funk com letras “mais” agressivas e de revolta, aí nisso vi algumas crianças se sintonizarem ao ritmo dessas músicas e se voltarem com um olhar meio que “perverso” para seus pais e cuidadores naquele momento de presentes.
Isso deve ser coisa de Psicanalista mesmo ver e ouvir o que quase ninguém percebe. 
É estamos vivendo um tempo em que o abandono de valores e de coisas simples da nossa educação infantil familiar e isso vai nos arremetendo direto a um “vazio” sem ressignificação para nosso “Ego”. 
O “Ego” sem ressignificação e simbolização de boas referências e valores disciplinares parentais pode talvez levar-nos sim a alguma forma de “psicose ou psicopatia” sublimada em algum momento de confronto, de falta, de luto ou de perda em nossa vivência. 
“Observei que o quanto uma nova batida musical seja eletrônica ou funk pode levar a criança a sublimar sua “revolta e a revelar” sua insustentabilidade afetiva” das aparentes e boas relações familiares e afetivas entre a infância e o mundo dos adultos. 
Hoje temos uma geração de “crianças” alienadas a jogos virtuais e tendo livre acesso a perfis e redes sociais, locais que na maioria das vezes nem pais e educadores não possuem acesso e nem a senha.
Pergunto aos pais e educadores vocês conhecem os contatos e amigos das Redes Sociais de seus filhos?
Hoje temos crianças que abandonam sua infância para se vestirem ou se travestirem de jogadores famosos ou para dançarem e cantarem como modelo ideal de adultos famosos que passam a imagem de (felizes) e isso tudo com consentimento e cumplicidade dos pais.
Vivemos uma “era” de Crianças que não imitam mais os seus pais e familiares como referência de educação, disciplina e respeito, mas de “crianças” que imitam a artistas “imaginários” porque no real até o ser “artista” é apenas uma mera representação e não o real do sujeito que se veste de artista. 
Parece que a “fama e o status” vêm para suplantar aos próprios pais e educadores, são poucas as crianças que “querem” se vestir e se parecer com seus pais. 
A grande maioria prefere se “vestir” como artistas, jogadores ou cantores (as), preferem se vestir de forma “totêmica” para se identificar com algumas tribos “urbanas”. 
Esse tipo de comportamento e outras coisas mais bizarras é que permite essa infiltração nas lacunas e vazios deixados desocupados pela educação e presença dos pais ou seus representantes simbólicos na criação dessas crianças ou filhos (as). 
O abandono da infância parece algo irrevogável e bem aceitável sem questionamentos por pais, educadores, religiosos e familiares.
E me pergunto se teremos um mundo mais justo, humanizado, menos violento e com mais sanidade; Se nossas “crianças” estão sendo criadas dentro dessa geração da falta de acolhimento e da indiferença ao sentimento do “outro”.
“No real ninguém e quase mais ninguém se importa com ninguém, porque o mundo virtual me remete a preguiça para não repensar nada do que sinto.”
Nossa infância está conectada ao “virtual” imaginário das redes sociais e jogos a maioria dessas crianças estão sem a presença da mediação dos seus pais e educadores. 
Hoje são muitas as crianças conectadas ao mundo através das redes sociais onde nem pais, educadores e a justiça têm acesso a seus conteúdos e nem suas senhas. 
É preciso aos pais, educadores e juristas repensar essa permissividade de conexão ao mundo virtual de nossas crianças, onde a maioria dos pais e educadores não tem acesso às essas redes sociais e aos jogos virtuais. 

São raros e poucos os pais que sabem que está na rede de amigos virtuais de seus filhos.
E por conta dessa “ausência” de pais como mediadores nestas redes virtuais; são inúmeros os casos de abusos, crimes e pedofilias facilitados pelas redes sociais. 
É preciso repensar até onde é saudável na construção do “Ego” infantil do sujeito pode se permitir a entrada em territórios sem a mediação e a presença de pais, educadores e religiosos.
As crianças estão “preenchendo” vazios e lacunas deixados pelos seus pais e educadores. 

Esses “espaços” são facilmente preenchidos por letras musicais, por vestimentas, e por redes virtuais onde na rede social posso pensar e me expressar sem a mínima possibilidade de não repensar nada.
Na vida só vai existir o “repensar” se houver alguém para fazer essa ponte de mediação com um olhar imparcial de cuidado, para dar as crianças esse ponto de referência. 
As crianças que não necessariamente vão para análise para resolver as neuroses de adultos.
Mas as mesmas são até vítimas das “neuroses” de adultos do próprio clã familiar ou parental.
É preciso se fazer “presente” nessa mediação dentro do clã familiar para que nossas crianças aprendam que têm que aprender a pontuar interpretar e confrontar cada necessidade, pedido e desejo para se sentir inserido no mundo moderno. 
“Na educação onde há disciplina e mediação haverá sanidade para construção do “Ego” infantil saudável mesmo que sendo neurótico, somente assim haverá possibilidade de Amor e Respeito ao próximo”.
“Mas onde não houver nada disso haverá a grande probabilidade de psicoses e psicopatias” para todo tipo de desordem humana. 
Prof. Luiz Mariano M.D.

Carnaval e Psicanálise

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