terça-feira, 11 de setembro de 2012

Mendigo Orgânico



Na antiguidade, os reis costumavam convidar pessoas para servi-los e exigiam morassem nos palácios. Esses moradores do palácio tinham de um tudo enquanto serviam ao rei, mas depois que, por alguma razão, deixavam o serviço real precisavam contar com a caridade alheia para arrumar outro emprego ou mesmo para sobreviverem.

Assim, alguns embora desempregados e mesmo estando aptos ao trabalho preferiam se juntar aos “mendas”, ou seja, aos legítimos portadores de alguma invalidez para o trabalho e sorrateiramente praticavam a mendicância, aflorando o mendigo inato ou orgânico.

Desde então, quando se ouve a palavra “mendigo” imagina-se pessoa pobre, maltrapilha, moradora de rua, sem estudo, que fica com a mão estendida ou bate na janela de seu carro para pedir-lhe uma moeda ou qualquer outra coisa. Este é o mendigo habitual, tal qual aprendemos. Eles são sinceros, pois se apresentam tais como estão e merecem atenção.

No entanto, há aquele outro tipo de mendigo: o orgânico. Diferente do tradicional que é vítima de uma situação adversa e desfavorável, o segundo tipo é aparentemente rico, se veste bem, mora bem, tem cultura, porém, está sempre com as mãos (ou a língua) estendidas pedindo esmola, não por necessidade, mas por deficiência de dignidade e por serem moralmente inválidos. Pedem por desafeto próprio, não por eventual miséria.

Pode-se perceber a retidão de caráter no mendigo original ou no circunstancial pelo notório constrangimento enquanto pedem o pouco que precisam. Já no mendigo orgânico nota-se evidentemente a ausência de qualquer acanhamento em seu eloqüente e mendicante discurso. Ele não quer desconto, ele quer de graça para viver boa vida sem digno esforço.

Ao contrário do consumidor consciente que embora saiba negociar uma boa e legítima redução no preço para pagar pelas coisas das quais de fato precisa adquirir, o mendigo orgânico é sovina e inconveniente. O primeiro “chora”, mas faz questão de pagar. O segundo “chora”, mas para receber de graça.

Pedir desconto é ato de civilidade e um direito do consumidor; pedir ajuda quando se está em situação de vulnerabilidade e autêntica necessidade são anseios legítimos e naturais, sinais de retidão e honestidade, não colocando em xeque a integridade moral de ninguém.

Contudo, pedir de graça coisas das quais se pode pagar por elas é forte indício de má índole, autoestima ruim e invalidez moral passível de psicoterapia para reestruturação de caráter.

Como é bom e prazeroso poder pagar - com dinheiro lícito - preço justo e adequado pelas coisas das quais se precisa e possa adquirir. Isso faz bem para a autoestima, para moral e para a alma. Fazer isso é saudável exercício que fortifica a integridade e dignidade pessoal. 

Autor:
 Prof. Chafic Jbeili 

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