quarta-feira, 2 de abril de 2008

"Os Quatro Fantasmas"

"Os Quatro Fantasmas"
Martha Medeiros - Escritora e jornalista - RS

 

Só convivendo amigavelmente com a finitude,
a liberdade, a solidão e a
falta de sentido da vida é que conseguiremos
atravessar os dias de forma mais alegre.
Leiga, totalmente leiga
 em psicanálise, é o que sou.
Mas interessada como se dela
dependesse minha sobrevivência.
Para saciar essa minha curiosidade,
costumo ler alguns livros sobre
o assunto, e acabei descobrindo
 (não lembro através de qual autor, sinto muito)
as quatro principais questões que
assombram nossas vidas e que
determinam nossa
sanidade mental.

São elas:
1) sabemos que vamos morrer;

2) somos livres para viver como desejamos;

3) nossa solidão é intrínseca;

4) a vida não tem sentido.


Basicamente, isso.
Nossas maiores angústias e dificuldades
advém da maneira como lidamos com nossa finitude,
 com nossa liberdade, com nossa solidão
e com a gratuidade da vida.
Sábio é aquele que, diante
dessas quatro verdades, não se desespera.
 Realmente, não são questões fáceis.
A consciência de que vamos morrer
talvez seja a mais desestabilizadora,
mas costumamos pensar nisso
apenas quando há uma ameaça concreta:
o diagnóstico
de uma doença ou o avanço da idade.
As outras perturbações são mais corriqueiras.
Somos livres para escolher
o que fazer de nossas vidas,
e isso é amedrontador,
pois coloca a
responsabilidade em
nossas mãos.
A solidão assusta também, mas sabemos que
há como conviver com ela: basta que a
gente dê conteúdo à nossa existência,
que tenhamos uma vontade
incessante de aprender, de saber,
de se autoconhecer.
 
Quanto à gratuidade da vida,
alguns resolvem com religião,
outros com bom humor e humildade.
O que estamos fazendo aqui?
Estamos todos de passagem.
Portanto, não aborreça os outros
e nem a si próprio,
trate de fazer o bem e de se divertir, que já é um
grande projeto pessoal.
Volto a destacar: bom humor
e humildade
são essenciais
para ficarmos em paz.
Os arrogantes são os que menos
conseguem conviver com a finitude, com a
liberdade, com a solidão e com
a falta de sentido da vida.
Eles se julgam imortais, eles querem ditar
as regras para os outros,
eles recusam o silêncio e não vivem sem aplausos
 e holofotes,
dos quais são patéticos dependentes.
A arrogância e a falta de humor
 conduzem muita gente a um
sofrimento que poderia ser
bastante minimizado: bastaria que eles
tivessem
mais tolerância diante das incertezas.

Tudo é incerto,
a começar pela data da nossa morte.
Incerto é nosso destino,
pois, por mais que façamos escolhas,
elas só se mostrarão acertadas ou
desastrosas lá adiante, na hora do balanço final.
Incertos são nossos amores,
e por isso é tão importante
sentir-se bem mesmo estando só.
Enfim, incerta é a vida e tudo o que ela comporta.
Somos aprendizes, somos novatos, mas beneficiários
de uma dádiva: nascemos.
Tivemos a chance de existir.
 De se relacionar.
De fazer tentativas.
O sentido disso tudo?
Fazer parte. Simplesmente fazer parte.
Muitos têm uma dificuldade tremenda
em aceitar essa transitoriedade.
Por isso a psicoterapia é tão benéfica.
Ela estende a mão e ajuda a domar
nosso medo.
Só convivendo amigavelmente com
esses quatro fantasmas
- finitude, liberdade, solidão e falta de sentido da vida
- é que conseguiremos
atravessar os dias de forma
mais alegre
e desassombrada.
****
 
 
Muita Paz e Bem !!!
 
 
Luiz_Psycneurosciense_FRC
02/04/2008

                                                                                                                             

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